Nos últimos 40 anos, o número de carpinteiros caiu para um terço do que era em 1980. Segundo o censo nacional, eram 930 mil profissionais naquela época. Em 2020, o número caiu para menos de 300 mil, e a previsão é de que esse total chegue a apenas 150 mil até 2035.
A falta de mão de obra já impacta o mercado de casas personalizadas, que estão se tornando um item de luxo. Na região de Tóquio, o preço médio de uma casa sob medida chegou a 54,6 milhões de ienes em 2023, quase o dobro do valor de dez anos atrás.
Além disso, reformas em residências antigas, reforços estruturais contra terremotos e novos projetos estão sendo atrasados por falta de profissionais.
Plataformas como a CraftBank, que conectam carpinteiros com construtoras, relatam que empresas disputam cada trabalhador disponível. Em muitos casos, os carpinteiros estão recusando propostas por falta de tempo ou por condições pouco vantajosas.
Mesmo com orçamentos apertados, esses profissionais têm poder de negociação. Um jovem empreiteiro da região de Kanto contou que sua renda líquida anual ultrapassa 10 milhões de ienes, reflexo da alta demanda.
A raiz do problema, segundo especialistas, está nas práticas antigas do setor. Após a bolha econômica dos anos 1990, tornou-se comum terceirizar os trabalhos para reduzir custos, o que prejudicou os investimentos em treinamento e criou um sistema de subcontratação em vários níveis.
Além disso, escolas técnicas que formavam carpinteiros vêm desaparecendo, e os jovens não têm sido atraídos pela profissão, que sofre com falta de estabilidade e salários pouco atrativos.
Algumas empresas estão tentando mudar esse cenário. A Sekisui House, uma das maiores construtoras do Japão, aumentou em mais de três vezes a contratação de carpinteiros com carteira assinada em 2024. Já a Momoyama Construction, de Tóquio, contratou seis carpinteiros desde 2017 e oferece bônus anuais para compra de ferramentas.
A expectativa é que essas medidas ajudem a melhorar as condições da profissão e atraiam uma nova geração de trabalhadores para um setor essencial e cada vez mais valorizado.
Fonte: Asahi