A inflação no Japão acelerou para 3,2% em março, na comparação com o mesmo mês do ano passado. O principal fator por trás do aumento foi a disparada no preço do arroz, que subiu 92,1%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (18) pelo Ministério de Assuntos Internos e Comunicações.
Com esse resultado, o índice de preços ao consumidor (CPI), que exclui alimentos frescos por serem mais voláteis, permanece acima da meta de 2% do Banco do Japão (BOJ) pelo terceiro ano consecutivo.
De acordo com o governo, a alta no arroz foi a maior desde que os dados comparáveis começaram a ser registrados, em 1971. O aumento está relacionado à quebra de safra causada por ondas de calor no verão passado e ao repasse dos custos de produção mais altos pelos agricultores.
A escalada nos preços afetou diretamente os alimentos mais consumidos no país, como onigiri (bolinhos de arroz) e sushi, além de itens como chocolate, carne suína e café. Os alimentos, sem incluir os frescos, subiram 6,2% em março.
O impacto já é sentido nas casas japonesas. “O arroz pesa muito no orçamento das famílias. Se continuar assim, os salários reais vão seguir em queda”, afirmou Yuichi Kodama, economista-chefe do Instituto de Pesquisa Meiji Yasuda.
Outros setores também registraram aumento. Os preços dos produtos duráveis para o lar subiram 6,5%, enquanto os custos com energia avançaram 6,6%, embora com leve desaceleração em relação a fevereiro.
Mesmo com os números dentro do previsto, o cenário traz incertezas para o Banco do Japão. A próxima reunião de política monetária acontece no fim de abril, e será discutida a possibilidade de um novo aumento na taxa de juros, atualmente em 0,5%.
O presidente do BOJ, Kazuo Ueda, declarou que a instituição pode seguir ajustando a taxa se os preços e a economia continuarem dentro das projeções. Porém, a tensão comercial com os Estados Unidos, por causa de novas tarifas impostas pelo governo americano, deve pesar nas decisões.
Enquanto isso, cresce a pressão sobre o governo do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, que enfrenta queda na popularidade em meio ao aumento do custo de vida. Pesquisas recentes mostram queda na confiança do consumidor e pedidos por medidas emergenciais, como redução de impostos ou distribuição de ajuda financeira.
Fonte: Japan Times