O preço do arroz vendido nos supermercados japoneses voltou a subir nesta última semana e já acumula 15 semanas seguidas de alta. Mesmo com a liberação do arroz dos estoques do governo, os valores seguem elevados e os efeitos da medida ainda não são sentidos no dia a dia da maioria dos consumidores.
Entre os dias 7 e 13 de abril, o valor médio pago pelo pacote de 5 quilos ficou em 4.217 ienes. É um aumento pequeno em relação à semana anterior, mas que reforça a sequência de reajustes que vêm pressionando o orçamento das famílias. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o preço praticamente dobrou.
O governo iniciou a liberação do arroz estocado no fim de março, com a expectativa de aliviar o mercado. No entanto, a distribuição tem sido lenta e desigual. Parte do produto ainda está no processo de transporte ou empacotamento, o que impede uma presença mais ampla nas gôndolas. Dados oficiais mostram que apenas uma fração muito pequena do total liberado chegou efetivamente aos consumidores.
Em algumas regiões, como Kagoshima e Fukui, onde o arroz dos estoques chegou com mais facilidade, o produto tem sido bem recebido. Em Fukui, por exemplo, o pacote de 5 quilos chegou a ser vendido até mil ienes mais barato que os demais. Já em outras áreas, principalmente nos grandes centros, o arroz de reserva ainda é difícil de encontrar, e quando aparece, a diferença de preço é mínima em relação ao arroz comum.
Parte desse problema está ligada à forma como o arroz tem sido distribuído. A maior parte dos lotes foi adquirida por cooperativas ligadas à JA (Associação dos Agricultores), que priorizam repassar o produto a distribuidores com quem já possuem relação comercial. Supermercados menores e redes que não têm esse vínculo enfrentam dificuldades para ter acesso ao arroz mais barato.
Com isso, o arroz mais em conta acaba concentrado em regiões onde há mais presença da JA. Em supermercados do interior, pacotes esgotam rapidamente. Já nas grandes cidades, consumidores relatam dificuldades para encontrar o produto. Há casos em que os mercados limitam a compra a um pacote por família para evitar que o estoque acabe em poucas horas.
Diante das críticas, o Ministério da Agricultura decidiu mudar as regras. A partir do próximo leilão, previsto para o dia 23, será permitido que os distribuidores possam vender arroz entre si, algo que até então era proibido. A expectativa é que isso permita uma circulação mais ampla do produto e reduza a desigualdade no acesso.
Analistas avaliam que os preços devem começar a recuar nos próximos meses, com possibilidade de o pacote de 5 quilos voltar para a faixa dos 3.500 ienes. Mas tudo depende da quantidade que o governo vai liberar e da velocidade com que esse arroz vai chegar aos mercados. Embora o país tenha um milhão de toneladas estocadas, especialistas acreditam que no máximo 600 mil toneladas devem ser liberadas até o verão.
Enquanto isso, a alta nos preços segue afetando a rotina de muitas famílias. Um morador de Kagoshima, pai de dois filhos, contou que o arroz mal dá para uma semana. “É bom saber que tem arroz mais barato chegando, mas ainda pesa no bolso. Se baixar mais um pouco, seria um alívio”, disse.
Fonte: NHK