O governo do Japão descartou nesta sexta-feira (9) qualquer possibilidade de reduzir a taxa de imposto sobre consumo, apesar da pressão crescente da oposição e até mesmo de alguns parlamentares do próprio partido no poder. A medida era sugerida como uma forma de aliviar os impactos da inflação e das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
O secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, afirmou que a redução do imposto não seria “adequada”, já que essa arrecadação é uma das principais fontes de receita para sustentar os gastos com a seguridade social do país.
Mesmo com a posição firme do governo, o Komeito, partido aliado do Partido Liberal Democrata (PLD) na coalizão, defende uma redução específica para alimentos, como forma de ajudar as famílias antes das eleições para a Câmara Alta do Parlamento, previstas para este verão.
Hoje, a taxa do imposto sobre consumo é de 8% para alimentos e bebidas, e de 10% para os demais produtos. O primeiro-ministro Shigeru Ishiba também se mostra cauteloso, mas admite que o tema precisa ser debatido com o Komeito.
“O imposto sobre consumo financia a seguridade social para toda a população. Por isso, não consideramos apropriado reduzi-lo”, disse Hayashi em entrevista coletiva.
Enquanto isso, a oposição aumenta a pressão. O Partido Democrático Constitucional do Japão (CDPJ), maior força opositora, propõe zerar o imposto sobre alimentos por um ano. O líder do partido, Yoshihiko Noda, que quando primeiro-ministro defendeu aumentos de impostos, disse que a situação das famílias exige medidas urgentes.
Dentro do próprio PLD, há um grupo de parlamentares que pede a isenção permanente do imposto para alimentos e bebidas, como forma de estímulo à economia.
Com a economia japonesa ainda pressionada pela inflação e pelo aumento das tarifas dos EUA sobre produtos importados, o governo corre contra o tempo para formular um novo pacote econômico. A proposta deve ser apresentada antes das eleições.
Atualmente, o Japão usa cerca de um terço do orçamento nacional anual para cobrir despesas com saúde e aposentadoria. Desde que o imposto foi elevado para 10% em 2019, o governo se comprometeu a usar essa arrecadação justamente para bancar esses custos.
O tema segue como um dos pontos centrais do debate político nos próximos meses.
Fonte: Kyodo News