A economia japonesa registrou queda no primeiro trimestre de 2025, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (16). O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,7% na taxa anualizada, acima da previsão de recuo de 0,2% feita por analistas. Essa foi a primeira retração em um ano e indica fragilidade na recuperação econômica do país.
A principal preocupação agora gira em torno das tarifas impostas pelos Estados Unidos, que podem atingir com força setores-chave do Japão, como a indústria automobilística. As tarifas, anunciadas pelo presidente americano Donald Trump no início de abril, ainda não surtiram todo o efeito, mas já aumentam o risco de nova retração no segundo trimestre.
A queda do PIB foi puxada pelo consumo interno estagnado e pela redução nas exportações. O consumo das famílias, que representa mais da metade da economia japonesa, ficou parado, contrariando expectativas de leve alta. Já as exportações caíram 0,6%, enquanto as importações subiram 2,9%, o que reduziu o crescimento econômico.
Por outro lado, os investimentos das empresas subiram 1,4%, o que ajudou a equilibrar parcialmente o resultado. Ainda assim, especialistas alertam para a falta de um motor claro de crescimento. “A economia japonesa está vulnerável a choques, como o das tarifas dos EUA”, afirmou Yoshiki Shinke, economista do Dai-ichi Life Research Institute.
O governo japonês, por enquanto, descarta novos pacotes de estímulo, apesar da pressão de parlamentares. O ministro da Revitalização Econômica, Ryosei Akazawa, reconheceu os riscos no horizonte, mas aposta que os reajustes salariais concedidos pelas empresas darão fôlego à economia nos próximos meses.
A situação também dificulta o caminho do Banco do Japão, que elevou os juros pela primeira vez em anos e previa novas altas. Com a perspectiva de desaceleração, essa política pode ser revista.
As tarifas americanas, que devem entrar em vigor em julho, incluem 24% sobre vários produtos japoneses e até 25% sobre carros, aço e alumínio. Montadoras como Toyota e Mazda já demonstraram preocupação, com a primeira projetando queda de 20% no lucro e a segunda evitando divulgar previsões para o próximo ano fiscal.
Fonte: Reuters
