Em meio à diversidade gastronômica que o Japão oferece, o país enfrenta mais uma escassez alimentar. Depois da falta de batatas em 2022 e crises anteriores com manteiga e pizza, agora é a vez do suco de laranja se tornar escasso nas prateleiras.
Desde abril, grandes distribuidoras como a Megmilk Snow Brand e a Morinaga Milk anunciaram suspensões nas vendas de suco de laranja em certas embalagens, citando dificuldades no abastecimento. Com a demanda em alta no cenário pós-pandêmico e a desvalorização do iene, o custo de importação do suco disparou, prejudicando a capacidade das empresas de manterem estoques regulares.
O Japão depende fortemente de importações, com cerca de 90% do suco de laranja vindo do exterior, principalmente do Brasil. Recentemente, o Brasil enfrentou problemas climáticos severos e surtos de doenças em plantações cítricas, comprometendo a produção. Esses contratempos, somados ao aumento global da demanda, resultaram em uma elevação de 69% no preço de importação do suco, comparado ao ano anterior, com uma duplicação dos custos desde 2019.
A solução de produzir localmente esbarra em desafios geográficos e econômicos. O Japão, com seu território montanhoso e limitado, prioriza culturas como o arroz, subsidiadas pelo governo. Além disso, a fruta cítrica mais comum no país é a mikan (tangerina), que não se presta bem à produção de suco por ser excessivamente xaroposa.
Diante dessa situação, os distribuidores têm procurado alternativas, como a reintrodução da marca Nokyo Kajitsu, que oferece sucos 100% fruta. Contudo, mesmo estas bebidas são baseadas em mikan, não suprindo a demanda por suco de laranja.
A escassez já reflete nos preços ao consumidor. Em supermercados de Osaka, por exemplo, o suco de laranja está sendo vendido por preços mais altos do que outros sucos do mesmo fabricante, impactando o cotidiano das pessoas. Consumidores expressam dificuldades em ajustar o orçamento doméstico para incluir o suco, que se tornou um luxo.
Fonte: Sora News