Com o aumento de trabalhadores estrangeiros no Japão, cresce também o número de crianças que chegam ao país sem conhecer a língua e a cultura locais. Embora essas crianças não sejam obrigadas a frequentar a escola, alguns municípios, como Nishio, na província de Aichi, estão empenhados em garantir que todas elas tenham acesso à educação e consigam transitar para o ensino secundário.
Nishio, um centro industrial importante, está vendo uma colaboração intensa entre o setor público, o privado e as escolas para apoiar essas crianças. Hiroko Kikuchi, diretora da escola introdutória de idiomas “Karafuru”, e Kimie Kawakami, do centro de apoio escolar “Tabunka Room KIBOU”, têm trabalhado incansavelmente por quase 15 anos para ajudar essas crianças a se adaptarem e prosperarem no sistema educativo japonês.
A crise financeira global de 2008, que resultou em muitos trabalhadores migrantes nipo-brasileiros perdendo seus empregos, destacou a necessidade urgente de apoio educativo. Muitas crianças de trabalhadores estrangeiros pararam de frequentar a escola, levando a cidade a agir e envolver Kikuchi e Kawakami.
Métodos de ensino
Kikuchi e sua equipe ensinam japonês a alunos do ensino fundamental e médio por três meses, integrando-os posteriormente às escolas regulares com apoio contínuo. Esse método tem sido tão eficaz que o progresso das crianças é chamado de “magia Kikuchi”.
Kawakami e outros funcionários estrangeiros não só ensinam crianças, mas também aqueles com idade superior à escolar, realizando visitas domiciliares e ajudando anualmente cerca de 10 crianças a se matricularem na escola.
Impacto social
No passado, muitos estrangeiros em Nishio enfrentavam discriminação e eram deixados para trás. No entanto, com o aumento do número de residentes estrangeiros de longa duração, as escolas começaram a vê-los como membros integrais da sociedade, graças aos esforços contínuos de apoio.
Hyappu Ishikawa, uma vietnamita que chegou ao Japão aos 14 anos, enfrentou grandes desafios linguísticos e culturais. Inicialmente, ela se sentia excluída e desmotivada, mas com o apoio de Kikuchi, superou essas barreiras, dedicou-se aos estudos e até se tornou uma trabalhadora de apoio.
Em 2022, mais da metade dos estudantes estrangeiros de Nishio conseguiram progredir para o ensino secundário a tempo inteiro. Alguns até seguiram para o ensino superior. Este ano, espera-se que cerca de 800 crianças necessitem de orientação.
Fonte: Japan Times