Os gastos das famílias no Japão registraram um aumento em abril, marcando a primeira alta em 14 meses, conforme dados divulgados pelo Ministério dos Assuntos Internos. O crescimento anual de 0,5% nos gastos foi impulsionado principalmente por despesas em educação, vestuário e transporte, incluindo automóveis.
Esse aumento nos gastos é reflexo do crescimento dos salários, que estão subindo no ritmo mais rápido das últimas três décadas. Essa tendência positiva gera expectativas sobre a próxima decisão do Banco do Japão (BoJ), que, em março, elevou as taxas de juros pela primeira vez desde 2007, mas sinalizou a manutenção de uma política monetária flexível.
Contexto econômico
O crescimento salarial é uma peça chave na estratégia do BoJ para alcançar uma inflação de 2% baseada na demanda, ao invés de aumentos de preços causados por fatores temporários como a guerra na Ucrânia. O governo japonês espera que, mesmo com o salário crescendo mais devagar do que os preços, o consumo das famílias aumente com a melhoria nas condições de emprego e renda.
Em maio, o Keidanren, maior grupo empresarial do Japão, estimou que os aumentos salariais nas principais empresas chegaram a 5,58%, ultrapassando os 5% pela primeira vez em 33 anos. Esse aumento salarial contribui para um cenário econômico mais otimista.
Inflação e política monetária
Enquanto outras grandes economias enfrentam inflação alta, o Japão experimentou aumentos de preços mais moderados. Em abril, a inflação desacelerou para 2,2%, devido à queda nos custos do gás. As políticas monetárias flexíveis do BoJ têm sido essenciais para combater a estagnação e deflação na quarta maior economia do mundo, tornando o banco uma exceção entre os principais bancos centrais globais.
Especialistas do UBS, Masamichi Adachi e Go Kurihara, afirmam que as perspectivas de consumo no Japão são boas, com uma aceleração esperada no crescimento dos salários nominais. Embora não prevejam um novo aumento de taxas na próxima reunião do BoJ, eles não descartam uma possível mudança para uma política mais restritiva nos próximos meses. Sem mudanças, as críticas públicas ao BoJ podem aumentar.
Fonte: Japan Today
