Com a recente renúncia do primeiro-ministro Fumio Kishida, o Japão se prepara para uma importante transição de poder. O Partido Liberal Democrata (LDP), que tem dominado a política japonesa por décadas, realizará em setembro uma votação para escolher seu novo líder, que automaticamente se tornará o próximo primeiro-ministro do país.
A saída de Kishida ocorre em meio a um escândalo de financiamento político que minou a confiança pública em seu governo. O primeiro-ministro, que enfrentava críticas crescentes e uma queda drástica em sua popularidade, decidiu não buscar a reeleição como chefe do LDP, declarando que era necessário “mostrar que o partido está disposto a mudar” e assumir a responsabilidade pela crise.
Como será escolhido o sucessor de Kishida?
O LDP conduzirá sua eleição interna entre 20 e 29 de setembro. Para concorrer, os candidatos precisam garantir o apoio de pelo menos 20 membros da Dieta, o parlamento japonês. O processo de votação envolve 734 votos, divididos entre parlamentares do LDP e membros do partido. Se nenhum candidato obtiver a maioria absoluta, um segundo turno será realizado entre os dois mais votados.
Possíveis candidatos e suas chances
Vários nomes de peso no LDP estão cotados para a sucessão. Shigeru Ishiba, ex-ministro da Defesa, e Taro Kono, atual Ministro Digital, são os principais candidatos, ambos com um histórico de tentativas anteriores de assumir a liderança do partido. Sanae Takaichi, Ministra da Segurança Econômica, e Yoko Kamikawa, Ministra das Relações Exteriores, também são mencionadas como possíveis concorrentes, com a particularidade de que, se uma delas vencer, seria a primeira vez que uma mulher lideraria o LDP.
Shigeru Ishiba, que tem expressivo apoio popular, é apontado como um dos favoritos, especialmente depois de ter ficado em segundo lugar na eleição de 2012. Já Taro Kono, que perdeu para Kishida em 2021, ainda é uma figura influente e deve tentar novamente.
Repercussões e expectativas
Embora a mudança de liderança traga incertezas, é improvável que o novo primeiro-ministro altere drasticamente as políticas econômicas ou de defesa do Japão, dada a natureza conservadora do LDP. A aliança com os Estados Unidos continuará sendo um pilar central da política externa japonesa, especialmente diante das crescentes tensões na Ásia.
Internamente, o novo líder terá a tarefa de restaurar a confiança pública no LDP e possivelmente antecipar as eleições gerais, dependendo do impacto inicial de sua gestão sobre os índices de popularidade.
Reações à renúncia de Kishida
A decisão de Kishida foi recebida com diversas reações. Enquanto opositores criticaram o LDP por não apresentar mudanças significativas, aliados expressaram apoio à sua decisão de renunciar. O embaixador dos EUA no Japão, Rahm Emanuel, destacou a importância de Kishida nas relações bilaterais, chamando-o de “amigo verdadeiro dos Estados Unidos”.
Fonte: Nikkei