Um novo relatório do governo japonês revelou que trabalhadores estrangeiros no Japão ganham até 28% menos do que seus colegas japoneses, destacando uma significativa disparidade salarial que ainda persiste no país. Mesmo com ajustes para fatores como idade e educação, a diferença salarial permanece evidente, levantando preocupações sobre a equidade no mercado de trabalho japonês.
O relatório, parte do livro branco econômico do Gabinete do Governo para o ano fiscal de 2024, coloca pela primeira vez um foco específico nos mais de 2 milhões de trabalhadores estrangeiros que contribuem para a economia japonesa. Segundo o documento, essa diferença salarial não se deve apenas à falta de experiência ou qualificação dos estrangeiros, mas também a barreiras estruturais que dificultam o crescimento profissional desses trabalhadores.
Desigualdade salarial e mobilidade limitada
Entre os trabalhadores estrangeiros, os que participam do programa de treinamento de estagiários técnicos são os mais impactados, recebendo até 26% menos do que os japoneses. Um dos fatores que contribuem para essa disparidade é a limitação na mudança de emprego. Esses estagiários, em sua maioria, são impedidos de buscar outras oportunidades de trabalho, o que desincentiva os empregadores a oferecer salários mais competitivos.
Já os estrangeiros com status de “trabalhador qualificado especificado”, uma categoria que permite maior flexibilidade, enfrentam uma diferença salarial de 16%. Mesmo profissionais altamente qualificados do exterior, que teoricamente deveriam ser mais valorizados, recebem 4% a menos em comparação com os japoneses.
A importância do talento estrangeiro
O Japão enfrenta um desafio demográfico crítico com uma população em envelhecimento e uma taxa de natalidade em declínio. Nesse cenário, o talento estrangeiro é visto como fundamental para o crescimento e sustentabilidade da economia. No entanto, as disparidades salariais e as limitações na mobilidade de emprego prejudicam o aproveitamento pleno desse potencial.
Especialistas, como Wako Asato, professor associado da Universidade de Kyoto, alertam que tratar os trabalhadores estrangeiros apenas como mão de obra barata é um erro estratégico. Para ele, é necessário criar um ambiente onde os talentos estrangeiros possam contribuir de forma significativa para as indústrias japonesas, agregando valor e não apenas preenchendo lacunas de mercado.
O caminho para uma maior inclusão
O relatório também aponta a necessidade de um ambiente mais inclusivo para os estrangeiros, onde todos tenham acesso a serviços essenciais, como educação e saúde. A proposta é que esses trabalhadores também contribuam com uma parte justa dos custos, garantindo assim uma integração mais equilibrada e justa na sociedade japonesa.
Fonte: Nippon