Em meio à corrida pela escolha do novo primeiro-ministro do Japão, pouco se fala sobre a crítica situação fiscal do país, que possui a maior dívida pública entre as nações desenvolvidas. O foco dos candidatos à liderança do Partido Liberal Democrata (PLD) tem sido aliviar as pressões financeiras sobre os eleitores, mas sem abordar diretamente os desafios econômicos de longo prazo.
A dívida pública do Japão já ultrapassa o dobro do tamanho da economia, impulsionada por gastos crescentes com seguridade social, à medida que a população envelhece rapidamente. Nos últimos anos, essa dívida aumentou ainda mais devido às medidas de emergência durante a pandemia de COVID-19 e à crise de custo de vida.
Apesar do aumento na arrecadação de impostos, especialistas apontam que os ganhos foram usados para financiar políticas que visam agradar os eleitores, como subsídios às contas de energia, sem reduzir o endividamento. Economistas afirmam que, sem um esforço concreto para frear os gastos públicos ou reestruturar a dívida, o Japão continuará a enfrentar sérios desafios econômicos no futuro.
Embora o Banco do Japão tenha aumentado as taxas de juros pela primeira vez em 17 anos, os custos com o pagamento dos juros da dívida só aumentam. Manabu Shimasawa, professor de finanças públicas na Universidade Kanto Gakuin, afirma que, embora o aumento de impostos possa equilibrar o orçamento, isso acabaria sobrecarregando ainda mais os trabalhadores, já pressionados pela inflação e pelo custo de vida elevado.
Com uma eleição geral prevista para 2025, muitos candidatos à liderança do PLD têm priorizado propostas de alívio financeiro imediato para os eleitores, em vez de abordarem as questões estruturais que afetam a economia a longo prazo. Shinjiro Koizumi, um dos candidatos mais populares, tem proposto ampliação de ajuda financeira às famílias de baixa renda, enquanto outros defendem o aumento dos gastos públicos como solução para impulsionar a economia.
Entretanto, especialistas alertam que a falta de debate sobre a crise fiscal pode prejudicar as futuras gerações, que terão de lidar com o crescente endividamento do país. Takahide Kiuchi, economista do Instituto de Pesquisa Nomura, destaca que a questão da dívida pública deveria ser central na corrida política, e não deixada de lado em favor de promessas eleitorais.
Fonte: Japan Today