O número de mortes causadas pela COVID-19 no Japão ultrapassou em 14 vezes as mortes por gripe no primeiro ano após a suspensão da maioria das diretrizes de combate ao coronavírus, em maio de 2023. Dados do Ministério da Saúde divulgados recentemente indicam que mais de 30.000 pessoas morreram de COVID-19 durante este período, enquanto o número de mortes relacionadas à gripe foi de 2.244.
Nos últimos 12 meses, o Japão registrou 32.576 mortes causadas pelo coronavírus. A maioria das vítimas – cerca de 97% – tinha 65 anos ou mais, refletindo o impacto severo da doença na população idosa do país. A decisão do governo de rebaixar o status legal da COVID-19, equiparando-a à gripe comum a partir de 8 de maio de 2023, trouxe uma série de mudanças nas medidas preventivas, incluindo o fim da obrigatoriedade da quarentena para infectados.
Fim das diretrizes
Após a flexibilização das regras, o governo japonês também interrompeu, em 1º de abril, o apoio financeiro para tratamentos e medidas de prevenção da COVID-19. Essas ações tinham como objetivo permitir a normalização das atividades sociais e econômicas, mas levantam preocupações sobre o impacto na população mais vulnerável, especialmente em um país que enfrenta um rápido envelhecimento demográfico.
Especialistas em saúde, como o professor de virologia Hitoshi Oshitani, da Universidade de Tohoku, destacam que, apesar do retorno à normalidade, a COVID-19 ainda representa um risco significativo, especialmente devido à alta capacidade de mutação do vírus. “Cada um de nós precisa considerar como podemos reduzir o número de vítimas no Japão, especialmente em uma sociedade que envelhece rapidamente”, alertou Oshitani.
Desafios e recomendações para o futuro
A alta taxa de mortalidade também reflete as dificuldades enfrentadas pelo sistema de saúde japonês em lidar com novas variantes do vírus, que continuam a surgir e a se espalhar rapidamente. Embora o número de mortes tenha diminuído de 47.638 em 2022 para 38.086 em 2023 – graças ao impacto positivo da vacinação e da imunidade natural adquirida – ainda há uma preocupação considerável sobre a proteção dos idosos, que representam a maioria das vítimas.
Para enfrentar esse desafio, Oshitani recomenda que o governo japonês ofereça apoio financeiro para que os idosos tenham acesso a testes e vacinas de maneira facilitada, equilibrando a necessidade de continuar as atividades econômicas com a proteção dos mais vulneráveis.
Fonte: Kyodo News