O Japão registrou um aumento histórico no número de alunos que se recusam a frequentar a escola. Em 2023, o absenteísmo entre estudantes do ensino fundamental, ensino médio e escolas de educação especial somou 415.252 casos, segundo dados do Ministério da Educação. Esse número representa o maior índice de faltas escolares já registrado no país, intensificando os desafios enfrentados pelo sistema educacional japonês.
Somente entre os alunos do ensino fundamental e do ensino médio, os casos aumentaram em cerca de 47 mil, totalizando 346.482 estudantes que deixaram de frequentar a escola ao longo do ano. Essa tendência de crescimento nas ausências ocorre pelo 11º ano consecutivo, apontando um problema que vai além das circunstâncias atuais e reflete questões de longo prazo.
Impacto da pandemia e mudanças sociais
Segundo o Ministério da Educação, essa alta no absenteísmo escolar tem raízes na pandemia de COVID-19, que afetou profundamente a rotina de estudantes e suas famílias. Muitos alunos ainda enfrentam dificuldades para se readaptar à rotina escolar, enquanto a percepção dos pais sobre a necessidade de descanso para os filhos também tem mudado, influenciando diretamente o número de faltas.
Além disso, entre os estudantes do ensino médio, 68.770 deixaram de comparecer às aulas em 2023. Segundo especialistas, o aumento de ausências nessa faixa etária também reflete dificuldades na adaptação ao ambiente escolar, intensificadas pelo isolamento social e mudanças drásticas na convivência escolar durante e após a pandemia.
Recorde de bullying e violência escolar
Junto ao aumento nas ausências, o Ministério da Educação também destacou um crescimento significativo nos casos de bullying, que chegaram a 732.568 em 2023. Este é o terceiro ano seguido em que o número de incidentes de bullying bate recorde no Japão, com escolas investindo em capacitação e treinamento para identificar e intervir nesses casos de maneira mais eficaz.
Entre esses incidentes, 1.306 casos foram classificados como graves, onde os alunos sofreram consequências físicas ou psicológicas severas. Esse número também representa um aumento em comparação ao ano anterior.
Violência nas escolas e casos de suicídio
Outro dado alarmante é o aumento dos atos violentos em ambiente escolar, que somaram 108.987 em 2023. De acordo com o Ministério da Educação, essa alta não necessariamente indica que os alunos estão se tornando mais violentos, mas sim que o monitoramento está mais cuidadoso e eficaz.
Apesar do aumento de absenteísmo e violência escolar, o número de suicídios entre alunos apresentou uma leve queda, com 397 casos registrados, comparados aos 411 do ano anterior. Infelizmente, sete desses casos foram relacionados ao bullying, um sinal de alerta para a importância do apoio emocional nas escolas.
Fonte: Mainichi