O governo japonês anunciou que manterá a pena de morte, mesmo após pedidos de revisão por parte de especialistas e sob crescente pressão internacional para o fim das execuções. Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 14, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, afirmou que a abolição do sistema não é apropriada para o Japão. Segundo Hayashi, “a pena de morte é inevitável para uma pessoa que cometeu um crime extremamente grave e atroz”.
A declaração de Hayashi vem um dia após um painel de 16 especialistas, incluindo ex-promotores, ex-altos oficiais de polícia e acadêmicos, ter recomendado ao governo japonês a criação de um fórum para debater o futuro da pena capital no país. O grupo, que conta com a Federação Japonesa de Associações de Advogados como secretariado, citou o caso de Iwao Hakamata, um homem de 88 anos que passou quase cinco décadas no corredor da morte antes de ser absolvido em um novo julgamento por um assassinato quádruplo cometido em 1966. O relatório do painel destacou que “uma vez que ocorre um erro, leva muito tempo para corrigi-lo”, sugerindo que o sistema apresenta riscos de falhas irreversíveis.
O painel também apontou que o Japão está fora da tendência global de abolir a pena de morte. Entre os países do Grupo dos Sete (G7), apenas Japão e Estados Unidos ainda aplicam a pena capital. A União Europeia, que proíbe a adesão de países que mantêm a pena de morte, tem pressionado o Japão a reconsiderar sua posição, enquanto organizações de direitos humanos, como a Anistia Internacional, continuam a criticar o sistema japonês.
De acordo com a Anistia Internacional, até o final de 2023, 144 países já haviam abolido a pena de morte em lei ou na prática.
Fonte: Mainichi