O Japão tem registrado um aumento preocupante no número de ataques envolvendo cães da raça pit bull, trazendo à tona a necessidade de maior responsabilidade por parte dos donos e o debate sobre a criação de normas mais rígidas para a posse desses animais. Em muitos casos, a negligência tem sido apontada como fator principal para os incidentes, gerando alertas sobre os riscos associados a essa raça, conhecida por sua força e comportamento potencialmente agressivo quando não devidamente treinada.
Um dos casos mais graves ocorreu em novembro de 2022, em Kakamigahara, na província de Gifu. Uma mulher de 85 anos foi atacada por um pit bull enquanto pedalava de bicicleta. O cão, pesando mais de 22 quilos, a derrubou e mordeu seu braço, antes de arrancar parte de sua orelha esquerda. O animal estava sob a supervisão da dona, uma jovem de 28 anos, que usava a própria cintura como suporte para a coleira do cão. Após o ataque, a idosa precisou ser hospitalizada e segue até hoje lidando com traumas físicos e psicológicos.
O mesmo cão atacou novamente em agosto de 2023, desta vez ferindo um adolescente de 17 anos que pedalava para o treino de seu clube de beisebol. A mordida provocou lesões profundas em sua perna, exigindo semanas de recuperação. Descobriu-se que, no dia do incidente, o animal estava sob os cuidados do avô da dona, um homem de 80 anos, que não recebeu as devidas orientações para controlar o cão.
A dona foi posteriormente julgada por negligência grave e condenada a seis meses de prisão, com pena suspensa por quatro anos. O tribunal concluiu que ela não tomou as medidas necessárias para prevenir os ataques, incluindo a falta de treinamento adequado para o cão e o descuido em supervisionar quem ficava responsável por ele.
Brasileiro detido
Em outubro, um brasileiro foi preso após seu pit bull escapar e atacar um homem de 68 anos. O dono foi acusado de negligência por não prender o portão de sua casa adequadamente e permitir que o cão ficasse solto.
O que dizem os especialistas
Especialistas, como Shinji Shibata, presidente da Associação Veterinária de Gifu, enfatizam que pit bulls podem ser extremamente perigosos sem socialização e treinamento adequados. Ele recomenda que esses cães sejam mantidos longe de pessoas e outros animais em situações públicas. Em algumas cidades, como Sapporo, leis específicas já exigem que os donos usem focinheiras e mantenham os cães em espaços seguros. No entanto, essas regulamentações não são uniformes em todo o Japão, o que deixa algumas regiões, como Gifu, mais vulneráveis.
Com o aumento desses casos, cresce o apelo para que o governo japonês adote uma regulamentação mais rigorosa. Propostas como um sistema de licenças para a posse de cães potencialmente perigosos são defendidas por especialistas e vítimas. A ideia é garantir que apenas pessoas preparadas e cientes das responsabilidades possam manter animais dessa natureza.
Fonte: Kyodo News