A Rússia declarou nesta quarta-feira (27) que, caso os Estados Unidos avancem com a instalação de mísseis em território japonês, Moscou considerará isso uma ameaça direta à sua segurança e tomará medidas de retaliação. A afirmação foi feita pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, durante uma coletiva de imprensa.
Segundo a agência de notícias japonesa Kyodo, Japão e Estados Unidos estão desenvolvendo um plano militar conjunto que inclui a instalação de unidades de mísseis em locais estratégicos, como as ilhas Nansei, nas províncias de Kagoshima e Okinawa, e também nas Filipinas. A proposta seria parte de uma estratégia para responder a uma possível emergência envolvendo Taiwan, um ponto de crescente tensão na região.
Rússia critica cooperação militar entre Japão e EUA
Maria Zakharova acusou o Japão de intensificar deliberadamente a situação no entorno de Taiwan como justificativa para expandir sua cooperação militar com Washington. Ela reiterou que Moscou já havia alertado o governo japonês sobre as possíveis consequências de permitir a instalação de mísseis de médio alcance dos Estados Unidos em seu território.
“Se, como resultado dessa cooperação, mísseis americanos aparecerem no Japão, isso representará uma ameaça real à segurança de nosso país. Em resposta, seremos obrigados a tomar medidas necessárias e adequadas para fortalecer nossa capacidade de defesa”, disse Zakharova.
A porta-voz ainda sugeriu que Tóquio consulte a doutrina nuclear atualizada da Rússia, publicada na semana passada, para entender os cenários nos quais Moscou considera o uso de armas nucleares. O documento ampliou as condições para a utilização desse tipo de armamento, destacando um tom de maior agressividade por parte do governo russo.
Mísseis russos na Ásia são cogitados
Na última segunda-feira, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, afirmou que Moscou poderia considerar a instalação de mísseis de curto e médio alcance na Ásia caso os EUA sigam com seus planos para o continente. Questionada sobre o local onde esses mísseis seriam posicionados, Zakharova não entrou em detalhes, mas lembrou que metade do território russo está localizado na Ásia, sugerindo que as regiões a leste dos montes Urais seriam opções viáveis.
A porta-voz reforçou que Moscou já havia enviado sinais claros aos Estados Unidos e seus aliados, referindo-se a eles como “satélites”, sobre como reagiria a essas ações. Ela afirmou que a resposta russa seria simétrica e decisiva.
Novo míssil russo intensifica discurso
Além das declarações diplomáticas, Zakharova destacou o recente teste do míssil hipersônico de alcance intermediário “Oreshnik”, lançado pela Rússia contra um alvo na Ucrânia. O teste é interpretado como uma demonstração de força e capacidade tecnológica de Moscou.
Fonte: Kyodo News