A moeda japonesa ganhou força nesta sexta-feira (29), alcançando o maior nível em um mês ao atingir a faixa superior de 149 ienes por dólar. A valorização foi impulsionada por dados de inflação acima do esperado em Tóquio, que alimentaram especulações sobre uma possível mudança na política monetária do Banco do Japão (BOJ) em dezembro.
Durante o dia, o yen chegou a ser negociado a 149,54 por dólar, a primeira vez que a moeda americana ficou abaixo de 150 ienes desde o final de outubro. No fechamento do mercado às 17h, o dólar era cotado a 149,98-150,00 ienes, uma queda acentuada em relação aos 151,50-151,54 ienes registrados no mesmo horário na quinta-feira.
Inflação alimenta expectativas de alta nos juros
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de Tóquio, considerado um termômetro para a inflação nacional, subiu 2,2% em novembro na comparação anual, superando as previsões do mercado. Com isso, crescem as apostas de que o BOJ pode ajustar sua política de juros, tradicionalmente ultraexpansionista, na reunião agendada para os dias 18 e 19 de dezembro.
Analistas afirmam que o resultado inflacionário reforça a necessidade de conter a alta nos preços, o que exigiria medidas como a elevação da taxa de juros. “O yen já estava ganhando força com a busca por segurança no mercado internacional, e os dados de inflação intensificaram essa tendência,” explicou Masahiro Ichikawa, estrategista-chefe da Sumitomo Mitsui DS Asset Management.
Impacto no mercado financeiro
A alta do iene, que torna os produtos japoneses mais caros no exterior e reduz os lucros das empresas exportadoras, afetou o desempenho das bolsas no Japão. O índice Nikkei 225 encerrou o dia com queda de 141,03 pontos, ou 0,37%, fechando a 38.208,03. Já o Topix, que mede o desempenho de empresas de diversos setores, recuou 6,57 pontos, ou 0,24%, terminando em 2.680,71.
Os setores mais afetados foram transporte, equipamentos de precisão e maquinário, que dependem fortemente das exportações. Apesar disso, parte das perdas foi recuperada no período da tarde, graças à compra de ações a preços mais baixos e ao aumento nos futuros das bolsas americanas.
Volatilidade global e influências externas
O mercado também foi influenciado pela incerteza em torno das políticas econômicas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Promessas de novas tarifas de importação contra parceiros como México, Canadá e China geraram preocupação sobre possíveis impactos na economia global, levando investidores a buscar ativos considerados mais seguros, como o yen.
Além disso, com os mercados financeiros dos Estados Unidos fechados na quinta-feira devido ao feriado de Ação de Graças, os negócios ficaram mais sensíveis às notícias locais e à volatilidade.