Um grupo de especialistas do Ministério do Trabalho japonês está discutindo novas formas de proteger estudantes contra o assédio em processos seletivos. A questão ganhou relevância nos últimos anos devido a relatos de abuso envolvendo candidatos durante entrevistas e outras etapas de seleção.
Casos de assédio sexual foram um dos principais motivos para a criação dessa iniciativa. Um exemplo que marcou o debate ocorreu em 2019, quando um funcionário de uma grande empresa foi preso após um incidente envolvendo uma estudante que o procurava como ex-aluno. Desde então, episódios semelhantes têm sido relatados, reforçando a necessidade de ações preventivas.
A proposta em análise busca não apenas proteger estudantes que estão ingressando no mercado de trabalho, mas também estagiários e profissionais em transição de carreira. Entre os pontos discutidos estão a criação de mecanismos para denúncias e a definição de diretrizes para entrevistas, garantindo um ambiente seguro e respeitoso.
Embora haja consenso sobre a importância de combater o assédio sexual, as opiniões divergem quando o assunto é ampliar a definição para outros tipos de comportamento abusivo. Representantes de trabalhadores argumentam que práticas como entrevistas excessivamente estressantes ou discriminatórias também deveriam ser abordadas. Por outro lado, representantes das empresas têm expressado preocupação sobre como essas medidas poderiam ser aplicadas sem interferir na avaliação de candidatos.
Outro desafio é a dificuldade em aplicar conceitos como “assédio de poder” a situações que não envolvem uma relação hierárquica formal. No caso dos candidatos a emprego, não há vínculo empregatício com a empresa, o que torna mais complexa a inclusão dessas situações na legislação existente.
As discussões continuam com a expectativa de que um projeto de lei seja elaborado até o final do ano, a ser submetido ao Parlamento em 2025. O Ministério do Trabalho também avalia revisões nas leis atuais para abordar melhor os diferentes tipos de assédio que ocorrem durante o processo de recrutamento.
Fonte: Mainichi