Uma equipe de pesquisa japonesa anunciou ter realizado, pela primeira vez no país, um transplante de rim de um porco geneticamente modificado para uso humano em um macaco. O procedimento, realizado no dia 25 de novembro, é um marco no campo da xenotransplante, que estuda transplantes entre espécies.
O experimento contou com a participação da empresa PorMedTec Co. Ltd., sediada em Kawasaki, um desdobramento da Universidade Meiji, em Tóquio. A equipe espera avançar para pesquisas clínicas em humanos a partir de 2026.
Avanço no uso de órgãos de porcos modificados
Xenotransplantes já foram realizados com sucesso em países como Estados Unidos e China, onde órgãos de porcos geneticamente modificados, incluindo corações e rins, foram transplantados para humanos. No Japão, esta é a primeira vez que um órgão com essas características foi utilizado, marcando um passo significativo para enfrentar a escassez de órgãos humanos para transplantes.
No experimento recente, um rim foi retirado de um porco de 2 meses e meio, pesando cerca de 9 quilos, e transplantado em um macaco da espécie macaco-cinomolgo, que teve ambos os rins removidos. A equipe confirmou que o rim funcionou normalmente, com fluxo sanguíneo adequado e produção de urina. O macaco será monitorado pelos próximos seis meses para avaliar os resultados a longo prazo.
Impacto e próximos passos
Desde fevereiro deste ano, a PorMedTec produziu 36 porcos geneticamente modificados para transplantes. Atualmente, 13 desses animais estão sendo criados. O plano dos pesquisadores é realizar um transplante por mês em macacos ao longo de 2025, acumulando dados que poderão ser utilizados em estudos futuros com humanos.
Hiroshi Nagashima, CEO da PorMedTec e professor da Universidade Meiji, destacou que a criação de um porco destinado a transplantes leva cerca de sete meses. Ele também ressaltou a importância de comparar os dados obtidos no Japão com os de outros países que já possuem experiência nesse tipo de pesquisa.
Outro integrante da equipe, o professor Hisashi Sahara, da Universidade de Kagoshima, reforçou o compromisso em avançar de forma cuidadosa na pesquisa com macacos, visando a aplicação prática em humanos.
Fonte: Mainichi