A cidade de Shijonawate, localizada na província de Osaka, está chamando atenção com uma iniciativa inédita para eleger seu próximo prefeito. O atual mandatário, Shuhei Azuma, decidiu não concorrer a um terceiro mandato e abriu inscrições para candidatos ao cargo por meio da plataforma de empregos En Japan.
A ideia surgiu do próprio Azuma, de 36 anos, que anunciou o projeto em uma coletiva de imprensa no dia 25 de setembro. Segundo ele, o objetivo é tornar a política mais acessível. “Trabalhando com uma empresa especializada em mudanças de carreira, podemos mostrar que ser prefeito é uma profissão que qualquer pessoa pode buscar”, explicou.
Como funciona o processo?
Os interessados enviaram suas candidaturas pela plataforma, e o grupo político liderado por Azuma, Shijonawate People Power, selecionou os finalistas. Entre mais de 200 candidatos, o escolhido inicialmente foi Yuji Shinohara, ex-funcionário das Nações Unidas, que se comprometeu a continuar o trabalho do atual prefeito. Porém, em novembro, ele precisou abandonar a candidatura devido a problemas de saúde.
Em seu lugar, foi indicado Sho Zeniya, de 36 anos, ex-funcionário da prefeitura local. Ele se unirá a outros concorrentes, como Yutaka Watanabe, ex-membro da assembleia municipal. Esta é a primeira vez em 12 anos que um prefeito em exercício não participa diretamente da eleição em Shijonawate.
Um sistema que precisa de mudanças
Azuma aponta que o modelo político do Japão apresenta dificuldades para envolver a população. Segundo dados do Ministério de Assuntos Internos e Comunicações, em 2023, 25 de 88 eleições para prefeitos de cidades e 70 de 125 para vilarejos ou distritos não tiveram concorrência.
“Os jovens não votam porque não se sentem representados. Se criarmos plataformas acessíveis para debater e compartilhar opiniões, acredito que mais pessoas se envolveriam”, defendeu Azuma.
Controvérsias no processo
Apesar da inovação, especialistas levantam preocupações. Hirohiko Fukushima, ex-prefeito e professor em governança local, questiona a transparência do projeto. Para ele, o envolvimento direto de Azuma pode passar a impressão de que o cargo está sendo privatizado, o que pode causar desconfiança no público.
Ainda assim, Azuma mantém sua posição. Ele espera que a iniciativa inspire discussões sobre o papel da liderança local e incentive cidadãos a se candidatarem e transformarem suas comunidades.
Fonte: Japan Times