No Japão, o envelhecimento da população e a solidão têm levado muitas idosas a cometer crimes intencionais para serem presas. A prisão oferece a elas estabilidade, acesso a cuidados básicos e companhia, algo que não encontram fora dos muros.
Na maior prisão feminina do país, em Tochigi, 20% das detentas são idosas. Guardas relatam que algumas mulheres chegam a dizer que pagariam para viver ali permanentemente, caso pudessem. Com dificuldades financeiras e falta de apoio familiar, muitas enxergam na prisão a única saída.
Crimes por Necessidade
Entre os crimes mais comuns cometidos por idosas, furtos destacam-se. Dados do governo japonês mostram que, em 2022, mais de 80% das mulheres idosas presas foram condenadas por roubo.
Akiyo, de 81 anos, foi detida por furtar alimentos e confessou que sua situação financeira extrema e a ausência de apoio familiar a levaram a cometer o crime. “Talvez esta vida seja a mais estável para mim”, desabafou.
Yoko, outra detenta de 51 anos, observou que a população carcerária está cada vez mais envelhecida. Ela acredita que muitas idosas cometem crimes de propósito para voltar à prisão, especialmente quando não conseguem se sustentar fora dela.
Prisões como Casas de Repouso
O envelhecimento dos detentos tem alterado a dinâmica do sistema prisional japonês. Em Tochigi, guardas ajudam as detentas idosas em tarefas diárias, como trocar fraldas e se locomover, comparando a prisão mais a uma casa de repouso do que a uma instituição penal tradicional.
De 2003 a 2022, o número de prisioneiros com 65 anos ou mais quase quadruplicou no Japão.
Abandono e Reincidência
Muitas detentas idosas, ao cumprirem suas penas, enfrentam o abandono familiar e não têm para onde ir. Isso leva à reincidência, como relatou Megumi, uma agente penitenciária em Tochigi. Ela explicou que, sem apoio ou recursos, muitos acabam cometendo novos crimes para voltar ao sistema prisional.
Respostas do Governo
Desde 2021, o Japão tem implementado programas de apoio a idosos recém-libertados, incluindo assistência para viver de forma independente, apoio psicológico e acesso à moradia. Algumas cidades já adotaram medidas para facilitar o acesso aos benefícios habitacionais, mas os desafios persistem.
Fonte: Jornal Correio e CNN