O líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, classificou a parceria militar entre Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão como uma “grave ameaça” e afirmou que fortalecerá ainda mais o programa nuclear do país. A declaração foi divulgada neste domingo (9) pela agência estatal KCNA.
Em um discurso no sábado (8), durante o 77º aniversário da fundação do Exército Popular da Coreia, Kim criticou a aliança trilateral e acusou os EUA de tentar criar um bloco militar semelhante à OTAN na Ásia. Segundo ele, essa estratégia estaria alterando o equilíbrio militar na Península Coreana e ameaçando a segurança da Coreia do Norte.
“Ele reafirmou a política inabalável de expandir as forças nucleares do país”, informou a KCNA.
Tensões na região
Nos últimos anos, Kim tem investido na modernização de seu arsenal nuclear, enquanto EUA, Coreia do Sul e Japão intensificaram exercícios militares conjuntos. Pyongyang considera essas manobras como ensaios para uma possível invasão.
O presidente dos EUA, Donald Trump, que assumiu um novo mandato em 20 de janeiro, tem sinalizado interesse em retomar o diálogo com Kim. Em uma entrevista recente, ele disse que pretende contatá-lo novamente, destacando sua boa relação com o líder norte-coreano.
Durante uma coletiva de imprensa com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, Trump afirmou: “Nós teremos relações com a Coreia do Norte, com Kim Jong Un. Tivemos um bom relacionamento e eu acredito que evitei uma guerra.”
Apesar dessa postura, Pyongyang ainda não respondeu diretamente à possível reaproximação. Especialistas acreditam que Kim está mais focado no envio de tropas para apoiar a Rússia na guerra contra a Ucrânia.
Apoio à Rússia e futuro incerto
Na mesma ocasião, Kim reiterou apoio a Moscou e acusou os EUA de serem responsáveis pelo conflito na Ucrânia. “A Coreia do Norte continuará a apoiar e encorajar a causa justa do Exército e do povo russo para defender sua soberania”, declarou.
Diante desse cenário, analistas apontam que a prioridade de Kim, no momento, é consolidar sua aliança com a Rússia. No entanto, caso a relação com Moscou perca força após o fim da guerra, ele pode reconsiderar negociações com Trump.
Enquanto isso, na Coreia do Sul, há preocupações de que Trump possa abandonar a política de desnuclearização da Coreia do Norte em busca de um acordo mais rápido. No entanto, um comunicado conjunto entre EUA e Japão garantiu que os dois países seguem comprometidos com a eliminação do programa nuclear norte-coreano e com o fortalecimento da cooperação militar trilateral.
Fonte: Kyodo News