Após dois anos de restrições devido à pandemia, o tradicional Carnaval de Asakusa voltou a animar as ruas de Tóquio, e a brasileira Maria Rodrigues, de 70 anos, não poderia estar mais feliz. Residente no Japão desde 1980, Maria é figurinista e dançarina de samba, tendo participado de praticamente todas as edições do evento desde os anos 1980. Este ano, ela voltou a se destacar no desfile, que reuniu cerca de 480 mil espectadores no dia 15 de setembro.
Vestida com uma fantasia temática de “eletricidade”, Maria fazia parte do time G.R.E.S. Nakamise Barbaros, um dos mais tradicionais do carnaval japonês, que conquistou o primeiro lugar na competição pela quinta vez consecutiva. A fantasia da brasileira, com detalhes de “paineis solares”, foi apenas uma das criações que ela desenvolveu para o evento, também produzindo trajes inspirados em relâmpagos para oito outros dançarinos de sua equipe.
O Carnaval de Asakusa, que segue o modelo do famoso Carnaval do Rio de Janeiro, já está em sua 43ª edição e é considerado um dos maiores festivais de samba fora do Brasil. Com cerca de 5 mil participantes, o evento é um dos pontos altos do verão japonês e atrai equipes de samba de todo o país para disputar os prêmios.
Para Maria, o som da “bateria” do time Barbaros, que inclui grandes tambores e instrumentos de percussão, é sempre especial. Apesar de ser menor em escala em comparação aos grupos brasileiros, ela elogia a dedicação dos músicos japoneses, muitos dos quais já viajaram ao Brasil para aprender diretamente da fonte.
O envolvimento de Maria com o Carnaval de Asakusa começou nos anos 1980, quando o evento ainda era um simples show noturno, bem diferente do grandioso desfile de hoje. Com o tempo, o evento se transformou em uma verdadeira celebração da cultura brasileira em terras japonesas, e Maria ajudou a moldá-lo, não só como dançarina, mas também como figurinista.
Em meio aos desafios da vida no Japão, Maria passou por momentos difíceis, como o fechamento de sua loja de fantasias em Tóquio devido à pandemia e um derrame em 2022, que a deixou hospitalizada por três meses. Mesmo assim, ela não perdeu o ânimo. “Dançar é uma boa reabilitação. Vou continuar dançando,” afirmou a brasileira, que agora faz suas criações a partir de casa e sonha em reabrir sua loja em breve.
Para Maria, o samba é mais que um trabalho: é uma paixão. “O samba é minha vida”, diz ela com entusiasmo.
Fonte: Japan Today
