O Monte Fuji, um dos maiores ícones naturais do Japão, está enfrentando o ano mais longo sem neve desde o início das medições, em 1894. Até o momento, a famosa montanha permanece sem o tradicional manto branco, um recorde de ausência de neve que reflete o impacto das temperaturas atipicamente elevadas.
Segundo a Agência Meteorológica do Japão, o cume do Fuji costuma ser coberto de neve a partir de outubro, mas o calor persistente impediu o fenômeno até agora. O meteorologista Yutaka Katsuta, do Escritório Meteorológico Local de Kofu, informou que o ar frio necessário para formar a neve foi bloqueado pelas temperaturas mais altas do que a média, que começaram no verão e se estenderam até setembro.
Calor recorde e mudanças climáticas
Este atraso sem precedentes coincide com um dos verões mais quentes já registrados no Japão. De junho a agosto, as temperaturas ficaram 1,76°C acima da média, e a onda de calor continuou em setembro, resultando em dias de “calor extremo”, com temperaturas acima de 35°C, em quase 1.500 localidades do país.
Especialistas alertam que, embora não seja possível atribuir o evento exclusivamente às mudanças climáticas, o aumento de temperaturas observado no Japão está alinhado com o que cientistas preveem para um planeta em aquecimento.
Turismo e simbolismo do Monte Fuji
Normalmente coberto de neve, o Monte Fuji atrai visitantes de todo o mundo, especialmente durante a temporada de escalada entre julho e setembro. Este ano, contudo, as autoridades japonesas introduziram uma taxa de entrada e um limite diário de visitantes para controlar o turismo excessivo e proteger a natureza ao redor.
A ausência de neve até novembro destaca o impacto das mudanças climáticas e alimenta o debate sobre o futuro do Monte Fuji, cuja imagem é icônica em obras de arte japonesas. Com a última erupção registrada há mais de 300 anos, o Monte Fuji permanece adormecido, mas o impacto das mudanças no clima parece já ter alterado o cenário natural que envolve esse símbolo do Japão.
Fonte: BBC