Estudiosos destacam que transplantar um órgão antes do nascimento pode permitir que ele cresça e se desenvolva junto ao feto, assegurando seu funcionamento eficaz no momento do nascimento e minimizando o risco de rejeição.
Um grupo de cientistas japoneses, liderados pelo nefrologista Takashi Yokoo da Escola de Medicina da Universidade Jikei em Tóquio, conseguiu realizar um transplante pioneiro de tecido renal entre fetos de ratos, ainda dentro do útero. Este avanço, detalhado na recente publicação na revista BioRxiv, pode representar um marco para futuras aplicações médicas, incluindo o tratamento de doenças antes do nascimento.
Detalhes do estudo
Utilizando técnicas avançadas, os pesquisadores transplantaram rins que expressavam uma proteína verde fluorescente, facilitando a observação e o monitoramento do desenvolvimento do órgão transplantado. Este procedimento inédito mostrou que o tecido renal não só se integrou bem ao sistema do feto receptor, como também desenvolveu estruturas renais essenciais, como os glomérulos.
Além de demonstrar a viabilidade do transplante intrauterino entre espécies semelhantes, os resultados sugerem a possibilidade de aplicar esta técnica em xenotransplantes — transplantando, por exemplo, rins de fetos de porcos em fetos humanos. Esta abordagem poderia ser particularmente benéfica para tratar condições congênitas graves, como a síndrome de Potter, que envolve a ausência de rins funcionais ao nascimento.
Implicações futuras
Embora os resultados sejam promissores, especialistas como Lucas Nacif, cirurgião e membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, alertam para as complexidades éticas e técnicas desses procedimentos. “Tudo que se faz em embrião precisa ser bem estabelecido e certificado. Vale ressaltar que é muito importante o avanço e o desenvolvimento de tecnologias para garantir esse reconhecimento, além de estrutura para diagnóstico e tratamento de patologias intrauterinas”, comentou.Este estudo se insere em um contexto global de pesquisas em xenotransplantes, como os realizados com órgãos de porcos em pacientes humanos.
Fonte: Correio Braziliense