23/11/2024 12:21

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Conheça Vinícius, o brasileiro que conquistou sucesso no Japão através da arte da cutelaria

Aos cinco anos de idade, Vinícius Yassugui deixou o Brasil para viver no Japão com sua família. O que ele não imaginava é que, anos mais tarde, se tornaria um dos poucos estrangeiros a ganhar destaque em uma das tradições mais antigas e respeitadas no país: a cutelaria. Hoje, Vinícius é um mestre na arte de criar facas artesanais de alta qualidade, combinando técnicas japonesas com sua própria visão.

Foto: Divulgação pessoal

Início de uma nova vida no Japão

Em uma conversa exclusiva com o nosso portal, o brasileiro, que atualmente mora em Kanazawa, lembrou que sua adaptação ao Japão foi tranquila, especialmente por ter chegado ainda criança. Ele rapidamente se integrou à cultura e ao idioma, mas, com o tempo, percebeu que o português ficou restrito às conversas dentro de casa. “Eu usava o português só em casa, com minha família. Mas a maior parte do meu estudo foi no Japão, então acabei falando melhor japonês do que português”, comenta ele, que também fala da dificuldade de manter fluente sua língua materna. “Quando preciso falar português, tenho que buscar o vocabulário certo, porque estou mais acostumado com o japonês.”

Apesar das dificuldades com a língua portuguesa, Vinícius se destacava no ambiente escolar japonês, principalmente por sua facilidade em assimilar o idioma e a cultura local. “Eu consegui melhorar meu japonês muito rápido e, às vezes, as pessoas achavam que eu era japonês por causa da minha fluência”, conta.

Foto: Acervo pessoal

A descoberta da cutelaria

A paixão por facas surgiu de forma inesperada, quando Vinícius ainda estava na faculdade. Ele conta que ganhou de um amigo uma faca que, apesar de cara, não cortava direito. “Isso me incomodou. Como uma faca cara não funciona bem? Foi aí que comecei a pesquisar o que fazia uma faca ser realmente boa”, relembra.

Divulgação pessoal

Esse primeiro contato despertou uma curiosidade maior sobre o processo de produção de facas, e Vinícius passou a pesquisar sobre a arte de amolar e afiar. Trabalhando em uma fábrica que fazia parte do grupo Toyota, ele teve a oportunidade de aprender sobre os materiais e suas propriedades. “Na fábrica, aprendi muito sobre metais e resistência. Isso me deu a base para entender como criar uma faca de alta qualidade”, afirma.

Desafios e perseverança

No entanto, tornar-se um cuteleiro reconhecido no Japão não foi fácil. Vinícius enfrentou obstáculos, como a resistência dos fornecedores locais, que relutavam em vender materiais para um estrangeiro. “No Japão, não é fácil conseguir materiais para cutelaria. É preciso ser recomendado por alguém ou já ter uma reputação no mercado. Como eu era novo nesse meio, ninguém queria vender para mim”, explica.

Divulgação pessoal

Mas o apoio da comunidade local foi fundamental. Seus vizinhos e amigos acreditaram em seu trabalho e o ajudaram a montar sua oficina, fornecendo máquinas e equipamentos. “A comunidade me ajudou muito. Eles acreditaram em mim e me ajudaram a conseguir tudo o que precisava para abrir minha oficina”, conta.

Segundo o brasileiro, o mercado de cutelaria no Japão se divide em dois tipos de profissionais: aqueles que produzem facas em grande escala, sem muita atenção à qualidade, e aqueles que trabalham com peças artesanais, dedicando tempo e cuidado em cada faca. Vinícius optou pelo segundo caminho. “Decidi que queria fazer facas artesanais, de alta qualidade. Esse é um trabalho que demanda paciência e muita dedicação, mas era o que eu queria fazer”, afirma ele.

Divulgação pessoal

O reconhecimento no Japão

Com o tempo, o trabalho de Vinícius começou a ser notado. Sua dedicação e o cuidado com os detalhes de cada peça renderam entrevistas em jornais, aparições na TV e até no YouTube, o que ajudou a expandir sua base de clientes. “Quando a mídia começou a falar do meu trabalho, mais pessoas ficaram interessadas. Isso trouxe muitos clientes novos”,disse.

Além disso, Vinícius teve que aprender a lidar com a tradição e o rigor do mercado japonês. Ele explica que o Japão valoriza muito sua herança cultural, e qualquer trabalho que envolva artesanato tradicional, como a cutelaria, é cercado de altos padrões de qualidade. “No Japão, eles não aceitam qualquer um. Existe um respeito muito grande pela tradição, especialmente quando se trata de facas. É um trabalho que envolve não só técnica, mas também história”, explica.

Divulgação pessoal

Os aprendizados com a cultura japonesa

Trabalhar no Japão não só aprimorou as habilidades de Vinícius como cuteleiro, mas também moldou sua visão de mundo. Ele aprendeu que o respeito e a humildade são fundamentais para se destacar em qualquer área. “Uma das maiores lições que aprendi aqui é o respeito. Não importa quem você seja, todos merecem ser tratados com dignidade. No Japão, eles sempre tentam melhorar, sempre estão procurando ser melhores, e isso me influenciou muito”, reflete.

Além disso, ele destaca que, para ser aceito no mercado japonês, é preciso primeiro aceitar e respeitar a cultura local. “Antes de querer que eles te aceitem, você precisa aceitar a cultura deles. Isso faz toda a diferença”, enfatiza.

Conselhos para brasileiros que querem viver no Japão

Para os brasileiros que sonham em se mudar para o Japão, Vinícius tem um conselho valioso: respeitar a cultura japonesa. “Estude sobre o Japão antes de vir. Assista filmes, leia livros e tente entender como eles pensam. Isso vai te ajudar a se integrar mais rápido”, recomenda.

Com orgulho, ele afirma que o Japão se tornou seu lar. “Aqui é o meu lugar. Não consigo imaginar outro país para viver”, conclui.

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