Pela primeira vez na história, a dívida pública do Japão ultrapassou a marca de ¥1.300 trilhões, atingindo ¥1.311,04 trilhões no final de junho, segundo dados divulgados pelo governo na última sexta-feira.
O aumento de ¥13,88 trilhões em relação ao trimestre anterior é atribuído, em grande parte, ao incremento dos gastos públicos para aliviar os impactos da inflação, que tem afetado duramente as famílias japonesas. A dívida total agora é mais que o dobro do tamanho da economia do país, que gira em torno de ¥600 trilhões.
Impactos do aumento da dívida
O Banco do Japão (BOJ) já começou a elevar as taxas de juros e a reduzir a compra de títulos governamentais, marcando uma mudança em sua política de estímulo monetário dos últimos anos, que tinha como objetivo atingir a meta de inflação de 2%. Com essa mudança, espera-se que os custos de empréstimos para famílias e empresas aumentem, e que o governo enfrente maiores desafios no serviço da dívida.
Em junho, o BOJ detinha cerca de metade da dívida pública do país, resultado de sua política de flexibilização monetária que foi uma das mais agressivas do mundo. Agora, com a retração desse estímulo, a pressão sobre as finanças do governo tende a crescer.
Desafios fiscais
O governo japonês tem utilizado receitas tributárias para pagar os juros e resgatar os títulos de dívida, que somam a maior parte desse montante. Em junho, os títulos do governo totalizavam ¥1.160,14 trilhões, com um aumento de ¥3,03 trilhões desde março. Dentro desse total, os títulos gerais representavam ¥1.059,56 trilhões, um aumento de ¥5,91 trilhões.
A crise fiscal do Japão foi exacerbada pela necessidade de aumentar os gastos durante a pandemia de COVID-19 e pela crise atual no custo de vida, impulsionada pela guerra na Ucrânia, que elevou os preços da energia. Apesar dos esforços do governo para reduzir os gastos, a emissão de dívida continua a ser uma necessidade para financiar cerca de um terço das despesas anuais do país.
Fonte: Japan Times