O Japão tem enfrentado desafios econômicos e sociais devido à sua população em envelhecimento e à falta de mão de obra em diversas áreas. Lekh Juneja, CEO da fabricante de biscoitos de arroz Kameda Seika, com sede em Niigata, acredita que uma solução essencial para esses problemas é o aumento da imigração e a abertura cultural do país.
Segundo Juneja, que chegou ao Japão na década de 1980 e se naturalizou japonês, o país precisa repensar sua abordagem para atrair trabalhadores estrangeiros e integrar talentos globais ao mercado interno. Ele aponta que a mudança não depende apenas de políticas migratórias, mas também de uma nova mentalidade em relação à diversidade cultural e à inclusão.
Contexto econômico e social
O declínio populacional do Japão é um dos principais desafios econômicos do país. Projeções mostram que, para atender à demanda de mão de obra até 2040, o número de trabalhadores estrangeiros precisará mais que triplicar, atingindo 6,88 milhões. No entanto, o ritmo de adaptação ainda é lento, mesmo com algumas flexibilizações recentes nas regras de imigração.
Juneja destaca que a barreira do idioma e a falta de apoio para integrar estrangeiros dificultam a permanência desses profissionais, especialmente em regiões fora dos grandes centros, como Niigata. “Precisamos mudar a forma como empregamos e acolhemos pessoas de outros países. Se insistirmos em apenas contratar aqueles que falam japonês fluentemente, as opções de talentos ficarão muito restritas.”
Exemplo prático e inovação
Desde que assumiu a liderança da Kameda Seika, Juneja tem promovido iniciativas para tornar a empresa mais internacional. No centro de desenvolvimento de produtos, por exemplo, trabalham profissionais de diferentes nacionalidades, incluindo americanos e vietnamitas. A equipe testa novas receitas e inovações no uso do arroz, buscando atender tanto ao mercado interno quanto ao global.
Essas mudanças refletem a visão de Juneja sobre a importância da diversidade para o crescimento das empresas japonesas. Ele citou exemplos de companhias globais que têm CEOs estrangeiros, como Microsoft e Google, para mostrar que lideranças diversificadas podem gerar inovação e impulsionar resultados.
Desafios culturais e lideranças
No Japão, líderes estrangeiros ainda são uma exceção. Além disso, casos de grande repercussão envolvendo executivos não japoneses, como o de Carlos Ghosn na Nissan, levantaram dúvidas sobre a aceitação de lideranças de outros países no ambiente corporativo japonês. Apesar disso, Juneja reforça que os benefícios da imigração e da diversidade superam os desafios.
Para ele, é essencial que o Japão encontre formas de flexibilizar sua abordagem cultural e empresarial para continuar competitivo. “A diversidade é um recurso valioso que precisa ser explorado. É hora de o país abrir mais espaço para talentos de todo o mundo”, afirmou.
Fonte: Japan Times
