Em meio à crescente escassez de professores no Japão, uma escola primária no bairro de Toshima, em Tóquio, fez um apelo inusitado aos pais de alunos. Em uma mensagem publicada em seu site durante as férias de verão, a instituição pediu aos pais que indicassem conhecidos com licenças de ensino para preencher três vagas que estarão abertas a partir de 31 de agosto, devido à renúncia de professores.
A escola já enfrentava dificuldades no primeiro semestre, quando o vice-diretor precisou assumir a função de professor para uma turma do segundo ano, após a falta de profissionais qualificados. Apesar de ter solicitado apoio adicional ao Conselho Metropolitano de Educação de Tóquio, a situação não se resolveu, e agora, com o início do segundo semestre se aproximando, a escola decidiu recorrer à comunidade.
Um pai, que preferiu não se identificar, relatou que a falta de professores já afetou a rotina escolar de seu filho. “Meu filho não pôde participar das aulas de arte porque não havia professores suficientes. Além disso, os docentes especializados tiveram que assumir outras funções, o que impacta a qualidade do ensino”, comentou.
Segundo o Conselho de Educação do Distrito de Toshima, várias escolas da região estão enfrentando o mesmo problema e solicitaram reforços, mas as demandas não puderam ser atendidas completamente. A escassez de professores tem sido um desafio constante, afetando não apenas Toshima, mas outras regiões de Tóquio.
Em Hachioji, outra cidade na metrópole de Tóquio, a situação também é crítica. Durante uma visita ao local, o programa “It!” constatou que a sala dos professores estava cheia mesmo durante as férias, reflexo da sobrecarga de trabalho. Em 2023, um professor da Escola Elementar Atago precisou tirar uma licença médica de três meses, mas, sem substitutos disponíveis, o vice-diretor teve que assumir as funções de sala de aula.
O diretor da escola em Hachioji revelou que as escolas estão trocando informações por e-mail para gerenciar as necessidades de pessoal e tentar minimizar os impactos da escassez. “Trabalhamos juntos para garantir que nenhuma escola enfrente dificuldades sozinha”, explicou.
Naoki Ogi, crítico educacional, expressou preocupação com a situação. “Entendo a pressão que essas escolas enfrentam, mas apelar diretamente aos pais pode gerar ansiedade tanto neles quanto nas crianças. É uma questão que deveria ser resolvida pelo Ministério da Educação ou pelo governo, e não individualmente por cada escola”, afirmou.
Após a repercussão, a escola primária de Toshima removeu o apelo de seu site.
Fonte: Mainichi