O sistema que permite a estrangeiros trocar sua carteira de motorista pelo equivalente japonês, conhecido como gaimen kirikae (外免切替), está no centro de uma discussão no Parlamento japonês. Parlamentares questionam se o processo atual é seguro e justo, especialmente diante do aumento significativo no número de conversões nos últimos anos.
A principal crítica está na facilidade do exame teórico, composto por apenas 10 questões de múltipla escolha e disponível em mais de 20 idiomas, incluindo português. Para ser aprovado, o candidato precisa acertar apenas sete perguntas. Além disso, há relatos de que turistas sem residência fixa conseguem obter a carteira japonesa usando endereços temporários, como hotéis.
A deputada Kee Miki, do Partido da Inovação do Japão, foi uma das parlamentares a levantar o tema, argumentando que a credibilidade da carteira de motorista japonesa pode estar em risco. Já o deputado Kensuke Onishi, do Partido Democrático Constitucional, destacou que japoneses gastam cerca de 300 mil ienes para obter a habilitação, enquanto estrangeiros conseguem a conversão pagando apenas 4.600 ienes e realizando um teste teórico considerado simples.
Diante das críticas, Manabu Sakai, presidente da Comissão Nacional de Segurança Pública, afirmou que o governo está analisando os sistemas de conversão de carteiras em 15 países e que eventuais mudanças serão consideradas com base nesses estudos. Ele também defendeu que, apesar da simplicidade do exame teórico, o teste prático é rigoroso e tem uma taxa de aprovação de apenas 29%.
Nos últimos anos, o número de carteiras convertidas no Japão tem aumentado expressivamente. Em 2023, foram 66.127 trocas registradas, mais que o dobro dos 28.439 casos de 2013. No entanto, o governo admite que ainda não tem dados sobre a relação entre esses números e a taxa de acidentes envolvendo motoristas estrangeiros.
Fonte: Sankei