No último ano, quase 10 mil estrangeiros participantes do Programa de Estágio Técnico do Japão abandonaram seus empregos, conforme dados recentes do governo japonês. Esse número recorde levanta questionamentos sobre o sistema atual, que muitas vezes deixa os estagiários em situações de abuso e sem a possibilidade de mudança de emprego.
O programa, que foi criado com o objetivo de promover a troca de conhecimento entre países, está sendo criticado por não oferecer alternativas para trabalhadores em ambientes de trabalho abusivos. Atualmente, os estagiários são obrigados a permanecer na mesma empresa por três anos, sem a chance de mudar de emprego, a menos que enfrentem “circunstâncias além de seu controle”. No entanto, essa definição ainda é vaga e gera confusão entre os envolvidos.
Os principais países de origem desses trabalhadores são o Vietnã e Myanmar, sendo que muitos relatam dificuldades de comunicação e falta de suporte ao tentar escapar de situações abusivas. Em resposta, o governo japonês anunciou que, a partir de 2027, os estagiários poderão trocar de emprego após dois anos de programa, facilitando a busca por melhores condições de trabalho.
Além disso, uma revisão das diretrizes será feita para permitir que os estagiários saiam de empresas onde há casos de abuso físico ou verbal, assédio sexual, coerção ou bullying. Esses trabalhadores também terão o direito de procurar emprego temporário enquanto aguardam o processo de transferência, algo que antes não era permitido.
Especialistas destacam que essas mudanças podem ajudar a reduzir o número de abandonos, mas alertam que muitos estagiários ainda encontram dificuldades devido à barreira do idioma e à falta de apoio adequado para garantir uma transição segura e justa.
Fonte: TBS
