A construção civil no Japão enfrenta um grande desafio com a escassez de mão de obra e novas regulamentações trabalhistas. O número de trabalhadores no setor caiu para 4,83 milhões em 2023, comparado ao pico de 6,85 milhões em 1997. Essa redução reflete as dificuldades do setor, agravadas pelas novas regras de horas extras impostas em abril deste ano.
O governo japonês está pressionando as empresas de construção a melhorarem as condições de trabalho para atrair e reter trabalhadores. Entre as medidas sugeridas estão o aumento salarial e a implementação de uma semana de trabalho de cinco dias. Estas ações são vistas como essenciais para tornar o setor mais atraente e sustentável, especialmente diante da imagem negativa associada aos “três Ks” — kitsui (difícil), kitanai (sujo) e kiken (perigoso).
Impacto nas grandes obras
A escassez de mão de obra já está causando atrasos significativos em importantes projetos de infraestrutura. A Agência de Construção, Transporte e Tecnologia Ferroviária do Japão (JRTT) anunciou em maio que será difícil concluir a extensão da linha de trem de alta velocidade Hokkaido Shinkansen até Sapporo até o final do ano fiscal de 2030, devido à falta de trabalhadores e aos desafios na construção de túneis.
Medidas do governo
Desde o início do ano fiscal de 2024, foi estabelecido um limite de 720 horas anuais para horas extras, aumentando a escassez de mão de obra. O envelhecimento da população também representa um desafio na transmissão de habilidades para as gerações mais jovens. Em resposta, o governo realizou reuniões com grupos da indústria, defendendo aumentos salariais de mais de 5% para trabalhadores qualificados.
O primeiro-ministro Fumio Kishida destacou a necessidade de transformar a imagem do setor. “Precisamos transformar o setor em um lugar onde os trabalhadores possam ganhar bons salários, tirar férias e ter esperança”, afirmou Kishida.
Condições de trabalho
Uma pesquisa do Ministério do Trabalho revelou que, em 2022, trabalhadores da construção civil trabalharam 12 dias a mais do que a média de todos os setores. Muitos trabalhavam aos sábados para cumprir prazos, e apenas 10% tiravam dois ou mais dias de folga por semana. Em março, quatro organizações do setor lançaram uma campanha para encerrar as atividades aos sábados e domingos, promovendo uma reforma no estilo de trabalho.
Implementação de novas políticas
A implementação da semana de trabalho de cinco dias ainda enfrenta desafios. Embora projetos do governo central tenham alcançado 100% de conformidade, apenas 50% dos projetos provinciais e 20% dos municipais aderiram a esta prática em 2022. O Ministério da Infraestrutura visa garantir 100% de conformidade nos projetos provinciais a partir de 2024.
Fonte: Japan Times