Em uma tentativa de enfrentar o impacto da inflação nos salários, o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, anunciou nesta sexta-feira, 1º de novembro, a criação de um painel de especialistas para promover aumentos salariais em pequenas e médias empresas. O objetivo é fazer com que os reajustes salariais superem o ritmo de crescimento dos preços, protegendo o poder de compra dos trabalhadores.
Durante a primeira reunião do conselho de política econômica e fiscal desde que assumiu o cargo, Ishiba reforçou sua meta de elevar o salário mínimo do país para 1.500 ienes por hora até o final da década de 2030. Esse valor representa um aumento ambicioso, considerando que a média atual do salário mínimo por hora no Japão é de 1.055 ienes, reajustada recentemente em 51 ienes – o maior aumento já registrado, equivalente a 5,1% em relação ao ano anterior.
Meta de Ishiba gera desafios para pequenas e médias empresas
A proposta de Ishiba tem gerado preocupações entre empresários, principalmente donos de pequenas e médias empresas, que podem enfrentar dificuldades para acompanhar o ritmo dos reajustes salariais sugeridos. A pressão é ainda maior considerando que a administração anterior, liderada por Fumio Kishida, havia projetado atingir essa meta de 1.500 ienes apenas na metade da década de 2030.
Impactos da economia e da inflação
Além de discutir o reajuste salarial, o governo japonês revisou suas previsões econômicas para o ano fiscal atual, que vai até março. A previsão de crescimento foi reduzida para 0,7%, frente a uma expectativa anterior de 0,9% em julho. Essa revisão negativa foi impulsionada pelo impacto prolongado de um escândalo de falsificação de dados de segurança no setor automotivo, o que trouxe reflexos negativos para a economia.
No campo da inflação, as projeções indicam que os preços ao consumidor, um dos principais indicadores da inflação, devem subir 2,6% ao longo do ano fiscal de 2024. Apesar de ser uma redução em relação à previsão anterior de 2,8%, a taxa de inflação ainda permanece acima da meta de 2% estabelecida pelo Banco do Japão. Esse índice elevado é atribuído, em parte, à desvalorização do iene, que resultou em uma desaceleração dos preços de importação.
Fonte: Mainichi