O governo do Japão aprovou nesta sexta-feira (13) um novo plano de política econômica que tem como foco principal o crescimento dos salários. A proposta estabelece uma meta de aumento real de aproximadamente 1% ao ano, pelos próximos cinco anos, como forma de estimular o consumo interno e sustentar a recuperação da economia.
O plano foi apresentado pelo gabinete do primeiro-ministro Shigeru Ishiba e será a base para o orçamento e as propostas de reforma tributária do próximo ano fiscal. A medida busca corrigir um problema recorrente no país: a estagnação da renda em meio à alta dos preços, especialmente nos setores de alimentos e energia.
De acordo com o documento, o governo vai adotar medidas para garantir que os salários superem a inflação, incluindo o aumento do salário mínimo e outras ações complementares. “Acreditamos que o crescimento salarial é essencial para uma estratégia de crescimento sustentável”, afirma o texto do plano.
Hoje, os salários ajustados pela inflação no Japão frequentemente registram quedas, o que afeta diretamente o consumo das famílias, responsável por mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) japonês. Para mudar esse cenário, o governo projeta elevar o PIB dos atuais 600 trilhões de ienes para 1.000 trilhões até 2040.
A política também visa fortalecer a confiança do mercado em meio a desafios fiscais. O Japão tem a pior saúde fiscal entre os países desenvolvidos, e isso tem levado a um aumento nos juros dos títulos públicos. Por isso, o governo prometeu continuar trabalhando para manter a estabilidade financeira e garantir a emissão de títulos de forma “estável”, com foco em investidores japoneses, tanto privados quanto institucionais.
Em relação ao equilíbrio das contas públicas, o objetivo de alcançar superávit no chamado “saldo primário” que exclui os gastos com pagamento de dívidas — foi adiado. A meta, inicialmente prevista para o ano fiscal de 2025, agora poderá ser atingida entre 2025 e 2026.
O documento ainda menciona os riscos causados por tarifas impostas por outros países, como os Estados Unidos, que podem prejudicar as exportações japonesas e afetar o clima de confiança de empresas e consumidores.
No setor agrícola, o governo também anunciou medidas para conter a alta dos preços do arroz, que dobraram em relação ao ano anterior. Desde o fim de maio, grandes quantidades de arroz estão sendo liberadas dos estoques nacionais e distribuídas diretamente a varejistas, em uma ação coordenada pelo ministro da Agricultura, Shinjiro Koizumi.
Fonte: Mainichi