O número de instituições médicas no Japão preparadas para atender pacientes estrangeiros tem crescido de forma expressiva nos últimos anos. Com a alta no número de turistas e de residentes estrangeiros no país, hospitais estão investindo em estrutura e pessoal para evitar problemas durante o atendimento, inclusive com o uso de intérpretes.
Desde que o governo começou a divulgar regularmente, em 2019, a lista de instituições que colaboram com o atendimento a estrangeiros, o número de unidades cadastradas aumentou cerca de 50%. Em abril deste ano, o total chegou a 2.455 instituições, contra 1.600 no início da iniciativa.
O governo japonês reconhece, no entanto, que os avanços não são uniformes em todo o território nacional. Fatores como dificuldades financeiras e limitações de pessoal impedem que muitas regiões avancem no mesmo ritmo. Por isso, novas medidas estão sendo planejadas para apoiar e ampliar esses esforços.
Um exemplo é o hospital NTT Medical Center Tokyo, no bairro de Shinagawa, em Tóquio. Com cerca de 600 leitos, a instituição criou em 2020 um Departamento de Atendimento Internacional, voltado para estrangeiros. Médicos como Ryuichiro Sasae, que têm experiência profissional fora do Japão e falam inglês, atuam como clínicos gerais e encaminham os pacientes para especialistas quando necessário. O hospital também possui equipe treinada para lidar com seguradoras internacionais. Em 2024, o local registrou cerca de 12 mil atendimentos ambulatoriais a estrangeiros.
A importância desse tipo de preparo cresce em paralelo aos números: o Japão recebe hoje cerca de 36,8 milhões de visitantes por ano, e o total de residentes estrangeiros ultrapassa 3,7 milhões, segundo dados oficiais.
Para organizar a oferta de atendimento, o governo elaborou diretrizes para instituições médicas e incentiva a formação de conselhos regionais, que reúnem governos locais, unidades de saúde e setores ligados à hospitalidade para discutir formas de melhorar o acolhimento de pacientes do exterior. Metade dos custos operacionais desses projetos pode ser subsidiada pelo governo central.
Apesar dos avanços, apenas 17 províncias possuem conselhos ativos desse tipo. Representantes de governos locais afirmam que o foco em medidas emergenciais durante a pandemia de COVID-19 prejudicou o andamento de ações específicas para o público estrangeiro.
Além disso, muitos hospitais enfrentam desafios financeiros. Uma pesquisa nacional da Associação de Hospitais do Japão revelou que mais da metade dos hospitais operou no vermelho em 2023, um aumento significativo em relação ao ano anterior. Profissionais da saúde apontam que incentivos financeiros seriam essenciais para ampliar a capacidade de atendimento a estrangeiros, considerando o aumento dos custos operacionais e a escassez de recursos.
Fonte: The Japan News