A inflação no Japão acelerou em novembro, com os preços subindo 2,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionada principalmente pelo aumento dos custos de energia, conforme dados divulgados pelo governo nesta sexta-feira.
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) – que exclui itens voláteis como alimentos frescos – superou as expectativas do mercado e avançou em relação à alta de 2,3% registrada em outubro.
Esse índice continua acima da meta de 2% definida pelo Banco do Japão (BoJ) há mais de uma década para estimular a economia, embora os formuladores de políticas tenham destacado que fatores temporários, como o impacto da guerra na Ucrânia, também influenciam o cenário.
Especialistas previam um aumento de 2,6% para novembro. Já o “core core CPI” – que exclui alimentos frescos e custos de energia – ficou em 2,4%.
Preços do arroz em alta e calor extremo
Entre os itens que mais pressionaram a inflação, o arroz foi destaque, com um aumento anual de cerca de 64%, atribuído às colheitas prejudicadas pelo clima quente e pela escassez de água.
“A alta nos preços de alimentos, incluindo o arroz, e a redução de subsídios para energia e combustíveis, destinados a mitigar os efeitos do calor extremo no verão, contribuíram para esse aumento na inflação”, afirmou o vice-secretário-chefe do gabinete, Fumitoshi Sato, em coletiva.
O verão de 2023 no Japão foi o mais quente já registrado, empatando com este ano, com ondas de calor extremo agravadas pelas mudanças climáticas.
Política do BoJ e impactos econômicos
Na quinta-feira, o Banco do Japão manteve as taxas de juros inalteradas, mas alertou para incertezas relacionadas à economia dos Estados Unidos. Esse anúncio, aliado às recentes previsões do Federal Reserve de menos cortes nas taxas de juros, provocou uma desvalorização do iene frente ao dólar.
Na manhã desta sexta-feira, o dólar era negociado a 157,61 ienes, contra 153,60 ienes na quarta-feira.
Para Stefan Angrick, da Moody’s Analytics, o BoJ enfrenta um dilema. “A economia interna não está suficientemente forte para aumentos significativos nas taxas de juros, mas manter a política atual pode levar a uma maior desvalorização do iene e à alta da inflação”, disse ele.
Angrick prevê dois novos aumentos nas taxas em 2025, mas alertou que o crescimento do Japão continua travado pela demanda fraca e que o país pode enfrentar uma contração econômica em 2024.
Fonte: Japan Today