A inflação crescente no Japão está afetando diretamente o poder de compra das famílias, com os salários reais ajustados pela inflação registrando queda pelo quarto mês consecutivo em novembro. A redução de 0,3% em comparação ao mesmo período do ano anterior, divulgada pelo Ministério do Trabalho nesta quinta-feira (9), mostra que, mesmo com os esforços para elevar os rendimentos, os preços mais altos continuam a pesar no bolso dos japoneses.
O cálculo de salários reais considera a variação dos preços ao consumidor, que em novembro subiu 3,4% na comparação anual, acelerando frente ao aumento de 2,6% registrado em outubro. Esse índice inclui preços de alimentos frescos, mas exclui aluguéis, e destaca como a inflação tem pressionado os rendimentos das famílias japonesas.
Apesar disso, o pagamento base – que corresponde aos salários regulares – registrou um crescimento de 2,7%, o maior aumento desde 1992, resultado das negociações realizadas na primavera do ano passado. Além disso, outros componentes da remuneração também apresentaram elevação. As horas extras, indicador relacionado ao desempenho do setor empresarial, cresceram 1,6%, enquanto pagamentos adicionais, como bônus e gratificações, subiram expressivos 7,9% em novembro, revertendo a queda de 2,2% observada no mês anterior. No geral, a soma total dos rendimentos nominais aumentou 3%, alcançando uma média de 305.832 ienes, o equivalente a cerca de R$ 9.700.
Embora grandes empresas tenham se comprometido a manter aumentos salariais de cerca de 5% neste ano, replicando o índice do ano passado, o desafio permanece em expandir esses ganhos para pequenas e médias empresas. Essa disparidade dificulta uma recuperação uniforme no mercado de trabalho e na economia doméstica.
O governo japonês, sob a liderança do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, tem colocado a valorização salarial como prioridade em sua agenda política. Ishiba reafirmou o compromisso de pressionar por avanços significativos nas negociações da próxima primavera, apontando o aumento dos salários como um elemento crucial para sustentar o crescimento econômico e combater os efeitos da inflação.
Fonte: The Japan Times