O governo japonês declarou na quarta-feira que está monitorando de perto os desdobramentos da crise política na Coreia do Sul, destacando que a recente declaração temporária de lei marcial pelo presidente Yoon Suk Yeol gerou “grave preocupação”. A medida foi abruptamente revogada horas depois, mas deixou marcas significativas no cenário político sul-coreano.
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, reforçou a importância de preservar a estabilidade nas relações bilaterais com a Coreia do Sul. “Estamos acompanhando os acontecimentos com particular e grave preocupação. Nosso foco principal é garantir a segurança dos cidadãos japoneses na Coreia do Sul”, afirmou Ishiba durante coletiva de imprensa.
Relações em um momento delicado
As relações entre Japão e Coreia do Sul vêm passando por um período de recuperação desde que Yoon assumiu a presidência em 2022, adotando uma abordagem voltada para o futuro e buscando superar questões históricas delicadas. No entanto, a recente turbulência política gerou incertezas, inclusive sobre a possibilidade de um encontro entre Ishiba e Yoon, planejado para janeiro de 2024, quando se comemora o 60º aniversário da normalização das relações diplomáticas entre os dois países.
Fontes diplomáticas indicaram que a crise interna sul-coreana pode impactar diretamente os planos de reuniões bilaterais e cooperações futuras. “Tudo dependerá de como a situação evoluir nos próximos dias”, afirmou um representante do Ministério das Relações Exteriores do Japão.
Críticas à medida de Yoon
A decisão de Yoon Suk Yeol de declarar lei marcial, justificando como resposta a supostas “atividades anti-estado”, recebeu duras críticas de políticos e cidadãos na Coreia do Sul, que classificaram o ato como antidemocrático. A pressão aumentou rapidamente, com pedidos por sua renúncia ganhando força. Apesar de recuar algumas horas depois, o episódio intensificou o clima de instabilidade no país.
Segurança regional em jogo
A crise ocorre em um momento em que a cooperação trilateral entre Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos é considerada crucial para enfrentar as ameaças representadas pelo desenvolvimento nuclear e de mísseis da Coreia do Norte. O ministro da Defesa do Japão, Gen Nakatani, destacou que a coordenação de defesa com a Coreia do Sul é vital para a segurança da região. “As relações de defesa e coordenação trilateral são extremamente importantes para o Japão”, afirmou.
Impactos econômicos e no turismo
Além da esfera política, o setor empresarial japonês também está em alerta. Empresas como a Fast Retailing Co., que opera cerca de 130 lojas da Uniqlo na Coreia do Sul, e companhias aéreas como a Japan Airlines e a All Nippon Airways estão monitorando os desdobramentos e prontas para tomar medidas, caso necessário. Por enquanto, as operações seguem normais, mas o clima de incerteza persiste.
A Coreia do Sul é um dos destinos mais populares entre turistas japoneses, e qualquer escalada na crise pode afetar o fluxo de viagens entre os dois países. Autoridades japonesas expressaram esperança de que a situação política se estabilize em breve para evitar danos à recente melhora nas relações bilaterais.
Olhos atentos ao futuro
O governo japonês continua acompanhando os acontecimentos e reforça o compromisso de priorizar a segurança de seus cidadãos. “Esperamos que a situação política na Coreia do Sul retorne à normalidade para que possamos avançar em nossos esforços de cooperação”, concluiu uma autoridade de alto escalão.
Fonte: Japan Today