20/09/2024 07:17

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Japão incentiva semana de trabalho de 4 dias para enfrentar escassez de mão de obra

O Japão, país conhecido por sua dedicação extrema ao trabalho, está tentando mudar essa realidade ao incentivar a adoção de uma semana de trabalho de quatro dias. Essa iniciativa faz parte de uma campanha nacional para combater a crescente escassez de mão de obra e melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, em um país onde o termo “karoshi”, que significa “morte por excesso de trabalho”, ainda é uma realidade preocupante.

Tentativas de mudança em uma cultura enraizada

Desde que o governo japonês expressou apoio a uma semana de trabalho mais curta em 2021, a aceitação tem sido lenta. Apenas cerca de 8% das empresas permitem que seus funcionários tirem três ou mais dias de folga por semana, e 7% garantem o dia de folga legalmente obrigatório. Para acelerar essa mudança, o governo lançou uma campanha chamada “hatarakikata kaikaku”, que significa “inovando a maneira como trabalhamos”, oferecendo consultoria gratuita, subsídios e histórias de sucesso como incentivo.

No entanto, até agora, apenas três empresas procuraram aconselhamento sobre como implementar essas mudanças. O caso da Panasonic Holdings Corp. ilustra bem esse desafio: apesar de oferecer a opção de uma semana de trabalho de quatro dias a 63.000 funcionários, apenas 150 optaram por aderir.

Desafios e resistências

A cultura de trabalho do Japão, que valoriza longas horas e o sacrifício pessoal pelo bem da empresa, ainda é um grande obstáculo. Pressões sociais fazem com que muitos trabalhadores resistam a tirar mais dias de folga, temendo serem vistos como menos comprometidos. Essa mentalidade é refletida em práticas como as “horas extras de serviço”, que muitas vezes são realizadas sem remuneração.

Mesmo com restrições legais sobre horas extras e relatos de que 85% dos empregadores concedem dois dias de folga por semana, o excesso de trabalho ainda é comum. O governo japonês registra pelo menos 54 mortes por “karoshi” anualmente, um número que reflete a gravidade do problema.

Algumas empresas estão liderando o movimento para semanas de trabalho mais curtas. A Fast Retailing Co., dona da Uniqlo, a Shionogi & Co., empresa farmacêutica, e as fabricantes de eletrônicos Ricoh Co. e Hitachi já começaram a oferecer essa opção. Até mesmo no setor financeiro, conhecido por jornadas intensas, mudanças estão ocorrendo: a SMBC Nikko Securities Inc. e o Mizuho Financial Group já permitem horários mais flexíveis.

Funcionários como Akiko Yokohama, que trabalha na empresa de tecnologia Spelldata, desfrutam dos benefícios de uma semana de trabalho de quatro dias. Yokohama tira as quartas-feiras de folga, o que lhe permite cuidar de compromissos pessoais e passar mais tempo com a família, sem o estresse de cinco dias seguidos de trabalho.

Por outro lado, críticos apontam que, na prática, muitos trabalhadores que aderem ao novo modelo acabam trabalhando tão duro quanto antes, mas com menos tempo.

Impacto na força de trabalho e o futuro do trabalho no Japão

A necessidade de mudar a cultura de trabalho é vista como essencial para enfrentar a crise demográfica do Japão, onde a taxa de natalidade em queda ameaça reduzir a população em idade ativa em 40% até 2065. A promoção de uma semana de trabalho mais curta é vista como uma maneira de manter mais pessoas, especialmente mulheres e aposentados, na força de trabalho por mais tempo.

Fonte: Mainichi

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