O governo japonês pretende usar todas as ferramentas disponíveis para aumentar os salários e impulsionar o crescimento econômico do país, mesmo diante da rápida diminuição da população. Segundo um projeto de plano de política divulgado na terça-feira, essas medidas são vistas como essenciais para acabar com a deflação e garantir um crescimento econômico consistente acima de 1%.
No novo plano de política econômica e fiscal, o governo destaca os anos até 2030 como um período crítico. O Japão, que tem uma das populações mais envelhecidas do mundo, precisa resolver a escassez de mão-de-obra e aumentar seu potencial de crescimento por meio de investimentos estratégicos.
Para manter as finanças do país em ordem e continuar fornecendo serviços sociais, é necessário um crescimento econômico ajustado à inflação acima de 1%. Atualmente, a taxa de crescimento potencial do Japão é estimada em cerca de zero. O plano enfatiza a importância de restaurar a saúde fiscal do Japão, a pior entre as nações desenvolvidas, especialmente com a perspectiva de aumento nos custos da dívida após o Banco do Japão elevar as taxas de juros pela primeira vez em 17 anos.
O governo mantém a meta de alcançar um superávit orçamentário primário no ano fiscal de 2025 e promete reduzir a dívida pública, que atualmente é mais que o dobro do tamanho da economia japonesa.
Prioridades e metas
O plano abrange diversas prioridades, embora ainda faltem detalhes sobre como serão implementadas. A economia, que estava abaixo dos 600 trilhões de ienes no primeiro trimestre, pode crescer para 1.000 trilhões de ienes até 2040, caso sejam adotadas medidas políticas adequadas e a inflação se mantenha estável em 2%.
O primeiro-ministro Fumio Kishida destacou a necessidade de uma nova fase econômica, apelando às empresas para aumentarem os salários e priorizando a redistribuição de riqueza. O governo busca manter a forte tendência de aumento salarial vista nas negociações deste ano, crucial para as famílias afetadas pelo aumento do custo de vida.
Para aliviar o descontentamento público, o governo iniciou um corte de impostos em junho, embora isso seja visto como uma medida temporária. O plano mais recente também visa aumentar o salário mínimo para 1.500 ienes por hora antes de meados da década de 2030 e promover a requalificação da força de trabalho para aumentar os salários. Para enfrentar a escassez de mão-de-obra, o governo está promovendo a automação e digitalização.
Após a pandemia de COVID-19 expor a dependência da China para produtos essenciais, o Japão está intensificando investimentos em itens estratégicos e fortalecendo cadeias de abastecimento com os Estados Unidos e outros parceiros. Um exemplo é a assistência financeira à Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. para construir fábricas na província de Kumamoto.
O plano também enfatiza a necessidade de fortalecer laços com países emergentes e em desenvolvimento, como os do Sul Global, que têm grande potencial de crescimento. Em resposta às preocupações energéticas devido a conflitos internacionais, o Japão planeja maximizar o uso de energias renováveis e energia nuclear, apesar da maioria dos reatores nucleares permanecerem offline após o acidente de Fukushima em 2011.
Com os custos de energia importada impulsionando a inflação, o governo tem subsidiado contas de serviços públicos, mas considera encerrar essas medidas o mais cedo possível.
Fonte: Kyodo News