O governo japonês avalia flexibilizar sua posição nas negociações com os Estados Unidos sobre tarifas de importação, diante da resistência do presidente americano Donald Trump em remover completamente as taxas impostas a produtos japoneses, segundo fontes ligadas ao processo.
A possibilidade de aceitar tarifas mais baixas, em vez da eliminação total das medidas, surgiu às vésperas da terceira rodada de negociações ministeriais entre os dois países, prevista para esta sexta-feira (24), nos EUA. O principal negociador do lado japonês, Ryosei Akazawa, deve se encontrar com o representante de comércio americano, Jamieson Greer. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, não participará da reunião devido à sua presença em um encontro do G7 no Canadá.
Akazawa, que também é ministro da Revitalização Econômica e aliado próximo do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, tem buscado avançar nas negociações antes das eleições para a Câmara Alta no verão japonês. A intenção é mostrar progresso concreto, especialmente em temas que afetam diretamente setores estratégicos, como o automotivo e o siderúrgico.
Apesar de o governo japonês ter inicialmente pedido o fim completo das tarifas adicionais — de 25% sobre aço, alumínio e automóveis, fontes ligadas às tratativas afirmam que o governo Trump rejeitou a proposta e não demonstra disposição para rever as tarifas sobre carros, que atingem diretamente as exportações japonesas. Atualmente, o Japão exporta cerca de 1,36 milhão de veículos por ano para os Estados Unidos, número muito superior ao da Grã-Bretanha, que conseguiu um acordo parcial permitindo exportações com tarifa reduzida de 10% para até 100 mil unidades anuais.
O exemplo britânico é visto por autoridades japonesas como um sinal de que o setor automotivo pode ser incluído nas negociações. Ainda assim, não está claro se Washington aceitará um modelo semelhante com o Japão.
Desde março, o governo dos EUA tem aplicado tarifas extras sob a justificativa de “reciprocidade”, estabelecendo uma taxa base de 10% para a maioria dos países e valores superiores para parceiros com superávit comercial frente aos EUA. No caso do Japão, a tarifa específica é de 14%. As medidas estão suspensas até o início de julho, prazo dado para que avancem os diálogos bilaterais.
Em entrevista coletiva nesta terça-feira (21), Akazawa confirmou que conversas técnicas entre representantes dos ministérios japoneses das Relações Exteriores e da Economia já estão ocorrendo em Washington, como preparação para o encontro de alto nível previsto para o fim da semana.
Fonte: Japan Today