Em menos de uma semana, o Japão transformou completamente as expectativas dos investidores em relação aos seus mercados e economia. O Banco do Japão (BOJ) surpreendeu ao aumentar as taxas de juros na última quarta-feira, iniciando uma forte valorização do iene e causando oscilações nos mercados globais. Essa mudança forçou investidores a repensar suas estratégias, antes baseadas na suposição de que a moeda japonesa permaneceria fraca e as taxas de juros não subiriam rapidamente.
Stephen Miller, consultor da Grant Samuel Funds Management, destaca que “este é um terreno absolutamente novo para os mercados. O Japão está no centro das preocupações emergentes — ações, títulos, ienes, crédito, tudo.”
A volatilidade foi sentida no índice Nikkei, que sofreu sua maior queda desde 1987, para depois recuperar-se em 10% no dia seguinte. Essas flutuações têm implicações significativas para a política e para as famílias japonesas, podendo impactar a confiança do consumidor e a luta do país para sair da deflação.
Segundo Hirofumi Suzuki, estrategista do Sumitomo Mitsui Banking, “o risco é que o consumo e o investimento sejam retidos devido à crescente incerteza nos mercados.”
A mudança abrupta também afetou estratégias lucrativas como os carry trades, onde investidores tomam emprestado ienes para investir em ativos globais. A valorização do iene resultou em uma corrida para fechar posições, exacerbando a alta da moeda.
Políticos e líderes empresariais tentam acalmar os ânimos, especialmente em relação às contas de investimento isentas de impostos, uma iniciativa que visa movimentar mais de ¥1 quatrilhão parados em contas bancárias para o mercado.
Há uma percepção emergente de que a ação do BOJ foi um erro, potencialmente influenciado por pressão política. Isso pode afetar a relação entre o governo e o banco central, impactando a tentativa de reeleição do primeiro-ministro Fumio Kishida.
Entretanto, alguns, como Christopher Willcox da Nomura Holdings, apoiam a decisão do BOJ, considerando-a necessária dada a situação macroeconômica do país.
A volatilidade atual pode também impulsionar recompras de ações por empresas aproveitando os preços baixos. Analistas como Atul Goyal da Jefferies veem essa liquidação como uma oportunidade para empresas anunciarem recompras substanciais.
Fonte: Nippon
