08/05/2025 05:16

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Japão vê aumento de queixas contra comportamento de estrangeiros

O aumento da população estrangeira em várias regiões do Japão está trazendo novos desafios para a convivência nas comunidades locais. Questões como comportamento inadequado, dificuldades de integração e dívidas em serviços públicos têm sobrecarregado administrações municipais, que agora pedem medidas concretas do governo central.

Em Kawaguchi, na província de Saitama, onde vive uma das maiores comunidades curdas do país, a prefeitura enfrenta reclamações sobre barulho, direção perigosa e brigas envolvendo estrangeiros. O município também tem dificuldade para lidar com o aumento de alunos estrangeiros nas escolas, muitos dos quais não falam japonês.

A situação se agravou nos últimos anos. Após o terremoto de 2023 na Turquia, mais curdos vieram morar na região, fortalecendo a presença dessa comunidade que já se instalava no local desde os anos 1990.

Em junho do ano passado, a câmara municipal de Kawaguchi aprovou um documento pedindo medidas mais duras contra crimes, citando o aumento de casos envolvendo estrangeiros. Um vereador admitiu que a declaração foi feita “com os curdos em mente”.

No mês seguinte, um caso de esfaqueamento entre curdos causou tumulto no hospital local, com cerca de 100 pessoas se reunindo no local. O episódio gerou críticas e comentários negativos nas redes sociais.

Em resposta, a Associação Cultural Curda do Japão iniciou patrulhas voluntárias em 2023 para orientar membros da comunidade a evitar comportamentos que gerem atrito com os japoneses. O líder do grupo, Vakkas Cikan, reconheceu os problemas e prometeu trabalhar pela boa convivência.

A prefeitura de Kawaguchi criou serviços de apoio e orientação para residentes estrangeiros e oferece aulas de japonês nas escolas. No entanto, um obstáculo importante é o status de liberdade provisória de muitos curdos, que aguardam resposta de pedidos de refúgio. Nessa condição, eles não podem trabalhar nem ter acesso ao seguro de saúde.

A consequência disso aparece nas contas públicas: cerca de 30% dos ¥360 milhões em dívidas médicas do hospital municipal foram geradas por estrangeiros, segundo a prefeitura.

O prefeito Nobuo Okunoki reforça que o município oferece educação e atendimento médico com base em princípios humanitários, mas alerta: “O peso para uma única cidade é grande demais. O governo central precisa agir”.

Outras cidades também enfrentam dificuldades semelhantes. Em Joso, província de Ibaraki, estrangeiros representam 10% da população, e há relatos de problemas com descarte de lixo e isolamento de crianças que não falam japonês. Há falta de funcionários que dominem idiomas como vietnamita e indonésio.

Em Oizumi, província de Gunma, onde vivem muitos brasileiros, o número de estrangeiros aumentou com a chegada de nepaleses. A cidade conta com assistentes de língua portuguesa nas escolas, mas agora pede mais profissionais que falem inglês para atender à nova demanda.

Para especialistas, como a professora Eriko Suzuki, da Universidade Kokushikan, o papel dos estrangeiros no Japão é essencial, especialmente diante do envelhecimento da população. Ela defende que o governo japonês amplie o apoio aos municípios com políticas públicas voltadas à integração, ensino da língua japonesa e serviços mais acessíveis.

“O governo central não pode deixar essa responsabilidade só nas mãos das prefeituras”, afirmou.

Fonte: Japan Times

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