A Universidade Médica de Nara, no Japão, anunciou que dará início, na primavera de 2025, a um experimento clínico pioneiro para testar a reutilização de glóbulos vermelhos artificiais produzidos a partir de sangue doado que já passou de sua validade e seria descartado. A equipe de pesquisa envolvida espera tornar a tecnologia prática até 2030, o que poderia ser um marco mundial.
Esses glóbulos vermelhos artificiais são criados extraindo hemoglobina do sangue doado e encapsulando-a em uma membrana lipídica artificial. Diferente do sangue comum, essas células possuem uma coloração arroxeada e não oxidam até serem usadas, o que permite uma vida útil muito maior. Elas podem ser armazenadas por até dois anos à temperatura ambiente e até cinco anos sob refrigeração, enquanto o sangue natural dura cerca de um mês sob refrigeração.
Outro diferencial é que a membrana que determina os tipos sanguíneos foi removida, eliminando a necessidade de tipagem sanguínea, o que é crucial em situações de emergência. “Com os glóbulos vermelhos artificiais, não há necessidade de se preocupar com tipos sanguíneos, o que agiliza o processo de transfusão”, explicou o professor Hiromi Sakai, membro da equipe.
O ensaio clínico envolverá 16 adultos saudáveis, que receberão até 400 mililitros dessas células artificiais, em diferentes velocidades e volumes de infusão, para garantir a segurança do procedimento.
De acordo com Sakai, essa inovação pode ser fundamental num cenário de queda nas doações de sangue devido ao envelhecimento da população e à baixa taxa de natalidade no Japão. “Estamos avançando com cautela, mas acreditamos que essa tecnologia pode ser um divisor de águas na medicina emergencial”, concluiu.
Fonte: Mainichi