O primeiro-ministro japonês Fumio Kishida anunciou nesta quarta-feira, 14 de agosto, que não concorrerá à liderança do Partido Liberal Democrático (LDP) no próximo mês, sinalizando sua iminente saída do cargo após três anos de mandato. A decisão vem em meio a um escândalo envolvendo fundos clandestinos que mancharam a reputação de seu governo.
Kishida fez o anúncio durante uma coletiva de imprensa em seu gabinete, afirmando que tomou a decisão de não concorrer para demonstrar ao público que o LDP está passando por uma mudança significativa. “Como um primeiro passo para mostrar que o LDP mudou, decidi não concorrer”, disse Kishida, mencionando que tomou essa decisão em um momento de relativa tranquilidade diplomática.
O primeiro-ministro também destacou a importância de um novo líder para restaurar a confiança pública na política e enfrentar desafios críticos, como o declínio da taxa de natalidade e o fortalecimento das capacidades de defesa. Kishida, que liderou a cúpula do Grupo dos G7 em Hiroshima em 2023, viu sua popularidade despencar para cerca de 20% após o escândalo de fundos, que veio à tona no final do ano passado.
Kishida, que se tornou o oitavo primeiro-ministro desde 1945 a completar 1.000 dias no cargo, continuará como um legislador do LDP, mas evitou comentar sobre quem seria o melhor sucessor para o cargo de primeiro-ministro. Sua decisão de não buscar a reeleição segue o padrão dos últimos líderes do LDP, com o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe sendo o último a conquistar a reeleição antes de sua renúncia em 2020.
O LDP tem enfrentado intenso escrutínio devido a questões de transparência e fundos clandestinos, com algumas de suas facções, incluindo a maior liderada anteriormente por Abe, sendo acusadas de não reportar integralmente suas receitas e de criar fundos ocultos. Em resposta, Kishida dissolveu sua própria facção e tomou medidas contra legisladores veteranos envolvidos no escândalo.
A oposição teme que uma eleição antecipada possa ser convocada após a eleição de um novo primeiro-ministro. Kenta Izumi, líder do Partido Democrático Constitucional do Japão, alertou que a estratégia do LDP pode ser uma tentativa de desviar a atenção do público do passado recente do partido.
Entre os possíveis candidatos para a presidência do LDP estão o ex-ministro da Defesa Shigeru Ishiba, o ministro digital Taro Kono, e outros membros proeminentes do partido, como Toshimitsu Motegi e Sanae Takaichi. Kishida, que anteriormente buscou fortalecer as relações Japão-Coreia do Sul e promoveu uma revisão significativa na política de defesa do país, deixa um legado complexo em meio a desafios contínuos tanto no cenário interno quanto internacional.
Fonte Kyodo News