O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, deve retirar o ministro da Agricultura, Taku Eto, do cargo. A decisão ocorre após declarações feitas por Eto sobre arroz, em um momento em que o preço do alimento básico tem subido no país. A informação foi confirmada por fontes ligadas ao governo nesta terça-feira (20).
As falas de Eto aconteceram no último domingo, durante um evento político organizado pelo Partido Liberal Democrata na província de Saga. Na ocasião, o ministro afirmou que não compra arroz, pois recebe grandes quantidades do produto de seus apoiadores. O comentário foi considerado inadequado por diversos setores, principalmente por consumidores e produtores afetados pelo aumento nos preços.
Após a repercussão negativa, o ministro pediu desculpas e afirmou ter se arrependido. Em sessão parlamentar realizada nesta terça-feira, disse estar envergonhado e reconheceu o impacto da declaração. No entanto, também afirmou que pretende continuar trabalhando para enfrentar a alta no preço do arroz.
A fala gerou reações dentro e fora do governo. Parlamentares da oposição apresentaram críticas diretas e passaram a cobrar o afastamento imediato do ministro. Também dentro da base governista, o clima mudou nos últimos dias, com aliados do governo pressionando pela saída de Eto para conter os efeitos políticos da crise.
Na segunda-feira (19), a liderança do Partido Liberal Democrata ainda havia decidido manter Eto no cargo. A justificativa era a necessidade de estabilidade no comando da pasta da Agricultura em meio aos desafios enfrentados pelo setor, como a inflação e as tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos.
O primeiro-ministro Ishiba, que no início da semana afirmou não ter intenção de substituir o ministro, mudou de posição após o aumento da pressão política. Em pronunciamento no plenário da Câmara dos Representantes, Ishiba pediu desculpas públicas pelas falas do ministro e reconheceu que foram inadequadas tanto para consumidores quanto para produtores.
A possível saída de Eto marca o primeiro afastamento político de um ministro no atual gabinete. Até agora, as mudanças na composição do governo de Ishiba haviam ocorrido apenas por perda de mandato nas eleições gerais de outubro.
Com as eleições para a Câmara Alta previstas para o verão, a situação representa mais um desafio para o governo, que tem enfrentado queda nos índices de aprovação. Pesquisas recentes mostram que a popularidade de Ishiba está no nível mais baixo desde que assumiu o cargo, no fim do ano passado.
Partidos da oposição, como o Partido Democrático Constitucional e o Partido Democrático para o Povo, reforçaram nesta semana os pedidos para que o ministro seja afastado. Segundo líderes das legendas, Eto não tem condições de seguir no comando da pasta da Agricultura, em função da falta de sensibilidade em relação à realidade da população.
Shigeru Ishiba deve se reunir com líderes da oposição nesta quarta-feira (21) para discutir o tema. A decisão final sobre a saída de Taku Eto ainda não foi oficializada, mas deve ser confirmada nos próximos dias.
Fonte: Mainichi
