O iene registra sua pior sequência de perdas em mais de um mês em meio a preocupações de que o Japão possa ser afetado pelo novo plano tarifário do presidente dos EUA, Donald Trump.
Nesta quarta-feira, a moeda japonesa chegou a cair 0,8%, atingindo ¥153,73 por dólar, o menor nível em uma semana. O desempenho do iene contrasta com a valorização da semana passada, quando a moeda teve sua quarta alta consecutiva, impulsionada pela expectativa de um novo aumento nas taxas de juros pelo Banco do Japão (BOJ) e por seu status de ativo seguro em tempos de incerteza.
O declínio do iene ocorreu após Trump anunciar que pretende impor tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio nos Estados Unidos. O governo japonês solicitou na quarta-feira que as empresas do país sejam isentas das novas tarifas, segundo o ministro do Comércio, Yoji Muto.
Para analistas do mercado financeiro, a incerteza sobre a possibilidade de tarifas recíprocas pode estar pesando sobre a moeda japonesa. Apesar da recente desvalorização, o iene continua sendo a moeda do Grupo dos 10 com o melhor desempenho contra o dólar neste ano. No entanto, uma nova queda pode levar as autoridades japonesas a intervir para conter oscilações excessivas no mercado cambial.
O presidente do BOJ, Kazuo Ueda, afirmou que acompanha de perto as políticas econômicas dos EUA e seus impactos. Operadores do mercado já precificam uma chance de 78% de um aumento na taxa de juros japonesa até julho, com expectativa de certeza para outubro. Entretanto, declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicando que o banco central dos EUA não tem pressa para ajustar as taxas de juros, aumentam as preocupações com a diferença de juros entre os dois países.
Especialistas destacam que a recente fraqueza do iene pode ser resultado da percepção de que as políticas comerciais de Trump podem ser prejudiciais para a moeda japonesa. Além disso, há dúvidas sobre se o iene subiu rápido demais antes da divulgação de novos dados de inflação nos EUA, que podem influenciar as expectativas para cortes de juros pelo Fed.
Os investidores agora aguardam os dados da inflação norte-americana, que devem indicar um aumento de 3,1% no índice de preços ao consumidor, excluindo alimentos e energia, em janeiro. Caso as expectativas para cortes de juros pelo Fed diminuam, o iene pode continuar sob pressão.
Fonte: The Japan Times
