O novo primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, anunciou uma meta de aumentar o salário mínimo para ¥1.500 por hora até o final da década. A declaração foi feita em uma coletiva de imprensa logo após sua posse, causando grande repercussão.
Atualmente, o salário mínimo médio no Japão é de ¥1.055 por hora, após um aumento de 5,1% neste ano. No entanto, para alcançar a meta de Ishiba, seriam necessários aumentos anuais superiores a 7%, o que muitos economistas consideram desafiador.
O governo anterior, liderado por Fumio Kishida, havia estabelecido um objetivo de ¥1.500 por hora até meados de 2030, mas Ishiba decidiu antecipar o prazo. “Acho que o governo está se adiantando com essa nova meta”, comentou Shinichiro Kobayashi, economista-chefe da Mitsubishi UFJ Research and Consulting. Ele destacou que pequenas e médias empresas podem enfrentar dificuldades em acompanhar esse ritmo de aumento salarial.
Nos últimos anos, o governo tem promovido aumentos salariais para ajudar os trabalhadores a lidar com a inflação. As grandes empresas têm liderado as negociações anuais de primavera, conhecidas como shuntō, que resultam em aumentos de salário. Entretanto, empresas menores vêm enfrentando desafios para acompanhar esses aumentos.
De acordo com uma pesquisa realizada em fevereiro pela Câmara de Comércio e Indústria de Tóquio, 65,7% das pequenas empresas afirmaram que o salário mínimo atual já está pesando em suas finanças. Se o ritmo de aumentos se acelerar, muitas dessas empresas, que dependem de trabalhadores temporários, podem não conseguir contratar mais pessoas.
Além das preocupações com as pequenas empresas, alguns líderes empresariais apoiam a aceleração dos aumentos. Takeshi Niinami, presidente da Associação de Executivos Corporativos do Japão (Keizai Doyukai), propôs que o salário mínimo alcance ¥1.500 em apenas três anos, argumentando que isso traria esperança de aumentos contínuos para os trabalhadores.
A Confederação Sindical Japonesa, conhecida como Rengo, vai ainda mais longe, buscando um salário mínimo de ¥1.600 a ¥1.900 até 2035.
Todos os anos, o painel do Ministério do Trabalho define uma meta nacional para o salário mínimo, com base em debates entre representantes de trabalhadores, empresas e consultores externos. As prefeituras, então, ajustam seus próprios salários mínimos a partir de outubro. A média nacional atual é de ¥1.055, sendo Tóquio a mais alta com ¥1.163, e a província de Akita a mais baixa, com ¥951.
Fonte: The Japan Times
