Após uma longa espera, “Oppenheimer”, o filme que retrata a vida de J. Robert Oppenheimer, conhecido como “o pai da bomba atômica”, chegou aos cinemas japoneses, provocando um turbilhão de emoções. O longa, que mergulha nos dilemas morais e científicos do líder do Projeto Manhattan, estreou no país marcado pela memória das bombas nucleares lançadas em Hiroshima e Nagasaki há quase oito décadas.
Entre os espectadores estava Toshiyuki Mimaki, sobrevivente do ataque a Hiroshima, que, apesar da curiosidade sobre a figura histórica de Oppenheimer, esperava uma representação mais explícita do impacto devastador das bombas. “Durante todo o filme, esperei e esperei que a cena do bombardeio de Hiroshima acontecesse, mas isso nunca aconteceu”, revelou Mimaki.
A abordagem do filme, focando nos conflitos internos de Oppenheimer sem detalhar o horror vivenciado pelas vítimas dos ataques nucleares, gerou críticas. Takashi Hiraoka, ex-prefeito de Hiroshima, argumentou que o longa falha em capturar a verdadeira atrocidade das armas nucleares. “Do ponto de vista de Hiroshima, o horror das armas nucleares não foi suficientemente retratado.O filme foi feito de forma a validar a conclusão de que a bomba atômica foi usada para salvar vidas de americanos”, disse.
Contudo, não faltaram elogios à produção, com alguns espectadores admirando a profundidade emocional e a complexidade do protagonista. A estreia também reacendeu debates sobre as motivações por trás do bombardeio e suas justificativas, um tema ainda sensível tanto para americanos quanto japoneses.
Kazuhiro Maeshima, professor especializado em política dos EUA, viu no filme uma oportunidade de reflexão sobre o passado e o presente da ameaça nuclear, destacando a mudança de perspectiva americana sobre o assunto. “O trabalho mostra uma América que mudou dramaticamente”, comentou.
A reação mista ao filme em solo japonês talvez indique a necessidade de uma narrativa que aborde a história sob a ótica japonesa, como sugerido por Takashi Yamazaki, diretor de “Godzilla Minus One”, em conversa com o diretor de “Oppenheimer”, Christopher Nolan.
Fonte: Japan Today