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Perdeu o emprego no Japão? Saiba o que fazer para manter o visto, buscar seus direitos e voltar ao mercado de trabalho

Perder o emprego já é difícil em qualquer lugar. No Japão, essa situação pode parecer ainda mais complicada, principalmente para estrangeiros que enfrentam o desafio de viver longe da família, lidam com a barreira do idioma e ainda precisam seguir regras rígidas para manter o visto. Mas, apesar do susto inicial, existem caminhos claros e práticos para se reorganizar, garantir seus direitos e voltar ao mercado de trabalho com segurança.

O primeiro passo, assim que a empresa comunica a demissão ou não renovação do contrato, é manter a calma e ir atrás do documento chamado rishoku-hyō, que é o comprovante oficial de desligamento. Nem todas as empresas entregam esse papel de forma automática, principalmente em casos de contratos temporários ou com empresas terceirizadas. Por isso, insista. Esse documento será essencial para conseguir benefícios e atualizar sua situação junto à imigração.

Falando em imigração, o segundo passo é avisar, oficialmente, que você perdeu o emprego. Isso é obrigatório por lei e deve ser feito dentro de 14 dias. O processo é simples, pode ser feito online ou por correio, mas precisa ser feito. Se você deixar passar esse prazo, poderá ter problemas na hora de renovar ou trocar de visto no futuro. E se seu visto estiver prestes a vencer, é possível solicitar o visto de atividades designadas, conhecido como Tokutei Katsudō 9-gō Visa. Esse tipo de visto permite que você permaneça no Japão por até seis meses para procurar emprego. No entanto, é necessário comprovar que está realmente buscando trabalho, mostrando registros de entrevistas, inscrições em vagas e o cadastro no Hello Work.

O Hello Work, inclusive, é o terceiro ponto importante nesse processo. Muita gente tem receio de ir até lá por conta do idioma, mas esse órgão público é essencial para quem quer se reerguer. É no Hello Work que você se registra oficialmente como desempregado, pode solicitar o seguro-desemprego (caso tenha direito) e ainda recebe orientações sobre o mercado de trabalho. Em cidades como Tóquio, Osaka e Fukuoka, algumas unidades oferecem atendimento com intérprete. Para se registrar, você vai precisar do cartão de residência, do número MyNumber e do rishoku-hyō. O processo é formal e exige comprometimento: você vai precisar comparecer regularmente, participar de reuniões e comprovar que está ativamente procurando emprego.

Quem trabalhou em tempo integral e contribuiu com o koyou hoken (seguro de emprego) pode ter direito ao shitsugyō hoken, o seguro-desemprego japonês. Mas é importante saber que a forma como o contrato terminou influencia diretamente na liberação do benefício. Quem foi demitido ou teve o contrato encerrado normalmente recebe após um período de carência de sete dias. Já quem pediu demissão, pode ter que esperar até três meses, além dos sete dias, para começar a receber. O valor e o período de pagamento variam de acordo com a idade e o tempo de contribuição. O benefício costuma ser pago por um período que vai de 90 a 150 dias. Durante esse tempo, é preciso seguir todas as regras do Hello Work, apresentar comprovantes de busca por vagas e participar das atividades exigidas.

Com os documentos em ordem e os direitos garantidos, chega a hora de focar na recolocação. Atualizar o currículo é fundamental, mas é bom saber que no Japão ele tem um formato específico. O rirekisho é o currículo tradicional, que reúne informações básicas como histórico escolar e profissional. Já o shokumukeirekisho é mais detalhado e deve conter todas as funções exercidas, projetos, metas alcançadas e habilidades específicas. Dá para montar esses documentos usando ferramentas como o Rirekisho Maker ou modelos prontos no Canva. Incluir o nível de japonês, mesmo que seja básico como JLPT N5, é bem-visto pelas empresas. Também é importante colocar uma foto e um número de telefone japonês. Se estiver com dificuldade para montar, procure ajuda: muitas prefeituras oferecem oficinas gratuitas para estrangeiros que estão procurando emprego.

Na hora de buscar vagas, a dica é ser ativo e encarar essa fase como um novo emprego: acordar cedo, organizar seu tempo, traçar metas de candidaturas e fazer contatos. Outro caminho importante são as agências de recrutamento, que fazem parte do dia a dia do mercado japonês. Empresas como Robert Walters, Hays Japan e Interac ajudam estrangeiros a encontrarem empregos, principalmente aqueles com perfil bilíngue ou experiência em áreas como TI, logística, finanças e vendas. As agências também oferecem dicas sobre o currículo, ajudam na preparação para entrevistas e até orientam sobre negociações salariais.

Se durante a procura aparecer uma oportunidade de trabalho temporário ou freelance, vale considerar – mas com atenção. Dependendo do tipo de visto que você tem, como o “Especialista em Humanidades”, fazer entregas ou trabalhar em um bar, por exemplo, pode ser ilegal. Para evitar problemas, é preciso solicitar uma permissão especial chamada shikakugai katsudō, que autoriza atividades fora da categoria do seu visto. 

Nesse período de transição, também é uma boa hora para reforçar o estudo da língua japonesa. Ter um nível melhor de japonês aumenta muito as chances de conseguir emprego em áreas como atendimento, vendas, saúde e até tecnologia, onde é necessário ler documentos ou escrever relatórios. Ferramentas como BunPro, Human Japanese e WaniKani ajudam bastante, mas também vale procurar aulas presenciais gratuitas nas prefeituras ou participar de grupos de conversação organizados por ONGs como a Nihongo Hiroba. Mesmo que você só estude duas horas por semana, isso já demonstra interesse em se integrar à cultura e ao mercado japonês, o que conta pontos na hora da entrevista.

E falando em entrevista, é importante treinar. As entrevistas no Japão têm um estilo próprio, com regras de etiqueta que incluem chegar com antecedência, vestir-se com roupas formais, cumprimentar com reverência e manter uma postura séria. 

Por fim, lembre-se de cuidar de você. A busca por emprego no Japão pode demorar – alguns conseguem em duas semanas, outros levam meses. É importante manter uma rotina, anotar as vagas onde se candidatou, controlar os prazos do visto e celebrar pequenas conquistas, como um retorno positivo ou uma nova palavra aprendida em japonês. Não se isole. Participe de grupos, converse com outros estrangeiros que já passaram por isso e peça ajuda quando precisar.

Perder o emprego no Japão é difícil, mas não é o fim. Milhares de estrangeiros passam por isso todos os anos, e muitos conseguem se reerguer. Use os recursos disponíveis, conheça seus direitos e não desista. Você não está sozinho nessa.

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